"Vai na Fé" é gospel? Entenda espaço da religião na novela da Globo
Resumo da notícia:
Autora de "Vai na Fé" explica relação da novela com evangelismo
Rosane Svartman detalhou origem do enredo
Nova trama das sete chega ao público em janeiro
Dentre diversas novelas bíblicas e com influências cristãs na Record TV, o anúncio de uma trama da Globo intitulada "Vai na Fé", com uma protagonista evangélica, causou expectativas no público. Teríamos a primeira novela gospel da maior emissora do país?
Com estreia prevista para janeiro, a produção estrelada por Sheron Menezzes como a protagonista Sol pretende refletir a realidade de uma audiência movida pela fé e religiosidade. Em coletiva com jornalistas, Rosane Svartman, autora da novela, buscou desmistificar a ideia de que a trama será voltada para o evangelismo ao relembrar de criações em "Totalmente Demais" e "Bom Sucesso".
"Acho interessante ver como isso [protagonista evangélica] chamou a atenção da mídia. É um ineditismo? Uma tendência? O que será que faz esse fato chamar a atenção?", questiona a autora. “Tanto a Elisa [Totalmente Demais] quanto a Paloma [Bom Sucesso] eram mulheres de fé e não foi considerado novela religiosa”, questionou ela.
Para Rosane, a trama escolhida é resultado de estudo de comportamento dos próprios espectadores. “99% dos brasileiros tem fé e 90% tem religião. Não seria estranho que isso fosse característica dos personagens. No caso da Sol, aquela mulher numa família multigeracional, construída pela fé, aspiracional, não seria estranho que ela fosse evangélica", declarou.
Apesar de não definir a religiosidade como pilar da novela, a escritora considera um dado importante por ser relevante para os brasileiros. "É dessa forma que [religiosidade] aparece na novela, na construção da personagem", afirmou.
Criação de Sol evangélica
Rosane acredita que um um autor de telenovela precisa ter a sensibilidade de saber o que está latente na sociedade, o que as pessoas vão querer conversar, o que vai ser o diálogo. "Audiência é o grande agente transformador da telenovela ao longo dos 70 anos”, disse.
Adepta a pesquisas de público, a autora contou que viu a criação de Sol acontecer quando estava em análise da audiência de "Bom Sucesso", há dois anos. "Num grupo de 10 pessoas, de 4 a 6 colocam a religião evangélica. Isso quer dizer que o público [evangélico] não está necessariamente afastado da Globo”, explicou.
Na sequência, Rosane enxergou a possibilidade de abordar a religião como característica da protagonista. “Comecei a pensar como seria essa personagem e que personagem seria essa, como seria essa família. Assim, nasceu Sol e essa família através dessas pesquisas e desse entendimento", declarou.
Crossover com "Altas Horas"?
Rosane ainda falou sobre a religiosidade abordada no "Altas Horas", no quadro "Altas Promessas", que procura pelo novo talento gospel brasileiro. Questionada sobre ser um aspecto requerido pela Globo atualmente, Rosane revelou que chegou a propor um trabalho conjunto com o programa.
"É coincidência isso acontecer tudo agora. Quando eu soube [da competição], até entrei em contato com o 'Altas Horas', tentando ver se conseguiria fazer um cross [cruzamento], mas não dá tempo. Se tiver uma segunda temporada, pode ser até legal", relatou ela.
Empatia com o público
Embora aborde temas relevantes socialmente, Rosane refuta a imposição de conceitos. “Você não deposita nada para o espectador, você abre diálogos. Apesar do Chateaubriand ter inaugurado a TV Tupi dizendo que a TV seria a máquina de influência, eu acho que o real poder está no espectador", opinou Svartman.
Ao final da entrevista, a escritora ressaltou a intenção de tratar as histórias com cuidado. "A gente tem consultores que são super importantes para gente. É ficção, a gente quer contar uma boa história, mas a gente também não quer ofender ninguém. A gente conta essa história com todo o carinho. A Sol, todos os personagens estão sendo escritos com o mesmo carinho que Paloma [Bom Sucesso], que Elisa [Totalmente Demais]. Uma vontade de criar e construir fontes de empatia”, concluiu.
Dirigida por Paulo Silvestrini, "Vai na Fé" ainda conta com nomes como Elisa Lucinda, Bella Campos, Carolina Dieckmann, Zé Carlos Machado, José Loreto, Claudia Ohana e mais.