UcconX sem Millie Bobby Brown e com estandes vazios causa revolta na internet

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vendida como a maior feira de cultura pop jå realizada no país, a UcconX surgiu entre os assuntos mais comentados das redes sociais nesta quarta-feira (27) depois que visitantes começaram a compartilhar sua revolta diante de um centro de convençÔes vazio e dos cancelamentos de duas das maiores atraçÔes do evento.

Millie Bobby Brown, a Eleven de "Stranger Things", e George Takei, conhecido por interpretar Hikaru Sulu na série clåssica de "Star Trek", anunciaram em cima da hora que não viriam mais ao Brasil por causa da Covid-19. Ela teria contraído o vírus, e ele não poderia viajar porque seu marido teria recebido um diagnóstico positivo para a doença.

O cancelamento deixou fĂŁs indignados. Eles desembolsaram de R$ 700 a R$ 5.400 para participar de painĂ©is ou se encontrar com os atores. A organização da UcconX anunciou que os ingressos e pacotes continuariam vĂĄlidos, mas para ver outros convidados —Dacre Montgomery, tambĂ©m de "Stranger Things", e Ian Somerhalder, astro de "The Vampire Diaries".

Procurada, a organização do evento informou à reportagem que "quem não quiser a troca pode solicitar o reembolso por email". A informação passada via assessoria de imprensa, no entanto, não foi partilhada com os compradores, e as redes sociais da UcconX, bem como seu site, continuam ostentando imagens e cartazes sobre a participação de Brown e Takei.

Programada para acontecer entre esta quarta e domingo (31), com ingressos que variam de R$ 250 a R$ 400 para cada dia de programação, a convenção ocupa 144 mil mÂČ do Complexo do Anhembi. VĂ­deos publicados nas redes sociais na inauguração do evento, no entanto, mostram o espaço vazio.

Além de poucos visitantes, as imagens também mostram que estandes de lojas e da Artists Alley, årea dedicada a quadrinistas e ilustradores, não foram ocupados por seus supostos locatårios. São frequentes as reclamaçÔes de que não hå nada para fazer na feira.

A organização da UcconX, por sua vez, diz que "a estrutura estĂĄ 100% montada" e que "como todo inĂ­cio de festival, Ă© normal que o movimento do pĂșblico seja menor no primeiro dia, tambĂ©m utilizado para eventuais ajustes". Cenas semelhantes, no entanto, nĂŁo sĂŁo vistas na CCXP, a principal feira de cultura pop do Brasil, inaugurada em 2014.

Daniele Pontanelli, que ganhou um par de ingressos para o evento num sorteio e esteve neste primeiro dia com sua sobrinha, entre as 11h30 e 13h30, diz que a abertura do espaço aconteceu após o horårio programado. "Estava bem mais vazio do que pensei, porque o sorteio do qual participei distribuiria 1.600 entradas, além de acompanhante. Quando entramos demos de cara com aquele espaço gigantesco e praticamente vazio", diz ela.

"Fui olhar o mapa do evento, mas quase nĂŁo identifiquei nada no local. O maior estande Ă© aquele que vende coisas de 'Harry Potter' e que fica bem prĂłximo Ă  entrada. Os artistas que eu soube que tiveram que alugar mesas para vender suas coisas eram pouquĂ­ssimos. Vi umas seis mesas ocupadas, no mĂĄximo."

"AtĂ© a hora em que fomos embora, quando minha sobrinha cansou de andar e nĂŁo ter nada para fazer, a parte das mĂĄquinas de jogos nem tinha aberto. SĂł havia uma pista de skate e trĂȘs cosplayers tirando foto com o pessoal", acrescenta Pontanelli. "Chato demais!"

Quem teve a mesma impressĂŁo foi Pamella Roca, artista que estĂĄ entre a meia dĂșzia de expositores que contou neste primeiro dia de UcconX. Apesar do movimento fraco, ela diz estar surpresa pela quantidade de vendas que conseguiu fazer em plena quarta-feira, acima do esperado.

"Mas realmente o evento estĂĄ muito estranho. Principalmente porque parece que tudo foi feito de Ășltima hora", afirma. "Os poucos artistas que estavam lĂĄ agora estĂŁo com medo de voltar nos outros dias."

Ela diz que, inicialmente, cada participante da Artists Alley teria que desembolar R$ 800 para ter uma mesa no evento, além de 5% sobre todas as vendas. Quadrinistas e ilustradores se uniram para relatar que o valor era muito alto, e a organização, então, retirou a taxa fixa e manteve apenas a porcentagem.

Diante dos cancelamentos e da ausĂȘncia de pĂșblico, no entanto, Roca conta que os poucos expositores que estiveram presentes estĂŁo com receio de nĂŁo receberem o repasse de suas vendas. Isso porque a organização instituiu uma forma de pagamento Ășnica —cada visitante tem uma pulseira associada a um cartĂŁo de crĂ©dito, e Ă© por meio dela que pagamentos sĂŁo feitos. Os 5% da UcconX sĂŁo, portanto, retidos e o resto do valor Ă© enviado aos lojistas e expositores numa data posterior.

Roca conta ter entrado em contato com os organizadores para pedir garantias de que os prĂłximos dias de feira terĂŁo infraestrutura e, mais importante, pĂșblico que justifique seu deslocamento atĂ© o Anhembi.

TambĂ©m viralizaram no Twitter os relatos de ex-funcionĂĄrios da empreitada, que vem sendo planejada desde antes da pandemia. Neles, hĂĄ denĂșncias de falta de pagamento de salĂĄrio, negativas de fĂ©rias e acusaçÔes de ambiente tĂłxico de trabalho.

"A BBL, empresa one-stop-shop que opera desde 2018 no mercado de games e esports, adquiriu o UcconX (Universal Creators Conference Experience) em fevereiro de 2022 e não tem relação com o evento do passado", informou a assessoria do evento. "As reclamaçÔes são referentes ao período de 2021, que antecede a aquisição do UcconX pela atual organizadora. A BBL se solidariza e lamenta essa situação."

A marca UcconX foi registrada inicialmente pela empresa Uccon Marketing Ltda. Seu site, no entanto, saiu do ar. A reportagem nĂŁo conseguiu entrar em contato com os sĂłcios da empresa.

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