Trindade fala de fome e injustiça social no Brasil e emociona em "Pantanal"

Em uma cena emocionante de "Pantanal", Trindade (Gabriel Sater) explicou os motivos pelos quais parou de rezar e fez um pacto com o chamado "Cramulhão", entidade demoníaca da trama. O personagem já é um dos favoritos do público da novela, e surpreendeu ao explicar que fugiu da fé cristã por não acreditar em uma sociedade na qual as pessoas ainda passam fome.

"Eu fui criado num canto de gente muito simples, humilde. A gente não tinha o que comer, mas tinha terço toda noite. Sabe como a gente rezava? Pai nosso que está no céu, santo infincado seja o nosso nome. Todo aquele povo agradecendo o pão nosso de cada dia... eu era só menino, achava graça daquele povo ajoelhado. Na mesa daquela casa não tinha pão nenhum. Aquela vida era dura demais. Passava nem a esperança perto da porta. Mas não podia faltar a reza. Conforme fui crescendo, eu me perguntei: por quê nós que rezamos e agradecemos o pão nosso de cada dia, não temos um pedaço de pão em cima da mesa? Nós que rezamos um pai nosso, não deveríamos sentir fome", desabafou Trindade, segurando as lágrimas.

Tibério (Guito) assistiu ao desabafo em silêncio, e Trindade continuou afirmando que abriu uma exceção apenas no dia em que o amigo foi agredido por Levi e precisou de atendimento médico. "Ali eu rezei. Pedi autorização pro Cramulhão pra rezar pra Deus pra você ficar vivo", explicou. Nas redes sociais, o público elogiou o tom de crítica social do texto de Bruno Luperi.

No Brasil de hoje, a reflexão de Trindade é justa: cerca de 33 milhões de brasileiros vivem em situação de fome, com 14 milhões de pessoas a mais sem ter o que comer em relação a 2020. O Brasil voltou a entrar no Mapa da Fome Internacional, voltando para o patamar de 1990, época em que "Pantanal" foi exibida na TV Manchete. Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.