Spoiler, Sweetie

Por Paloma Guedes

Doctor Who foi criado em 1963 pela BBC (emissora de TV pĂșblica do Reino Unido) para estimular a curiosidade por ciĂȘncias e histĂłria nas crianças. Seguindo assim, como um seriado "famĂ­lia", ele ficou no ar atĂ© 1989. ApĂłs uma tentativa frustada de retomar a histĂłria com um longa metragem em 1996, finalmente a produção, comandada por Russel T Davis, tomou fĂŽlego e em 2005 foi iniciada uma nova "leva" de temporadas - sete atĂ© o momento.

Não vi as primeiras 26 temporadas portanto não sou uma super nerd que sabe absolutamente todas as nuances e detalhes da trama desde os primórdios. Mas devorei - em um curto espaço de tempo - o que foi produzido no século 21 e posso afirmar com propriedade que é viciante, apaixonante e fica melhor com o passar do tempo.

Primeiro, vamos ao bĂĄsico: Doctor Who Ă© um Senhor do Tempo (Time Lord), um ET com aspecto humano, dois coraçÔes dentro do peito e uma inteligĂȘncia extraordinĂĄria. Ele Ă© fascinado pelo planeta Terra e por isso sempre leva companheiras - "companios"- para dar umas voltas e viver grandes aventuras no tempo e espaço, em qualquer lugar, em qualquer planeta, em qualquer acontecimento histĂłrico. O uso do "companheiras", no feminino, deixa claro a predileção do Doctor por mulheres apesar de, vez ou outra, aparecerem alguns rapazes no meio do caminho. 

Essas viagens acontecem na TARDIS ("Time And Relative Dimensions In Space" ou Tempo e DimensÔes Relativas No Espaço): nave espacial maior por dentro do que por fora que parece uma cabine de polícia azul e que gera os souveniers mais desejados do universo. Pelo menos por mim.

           

Um recurso interessante usado no seriado e que faz com que ele consiga durar tanto tempo com uma certa coerĂȘncia Ă© que o Senhor do Tempo tem o poder de se regenerar quando o corpo fĂ­sico sofre algum estrago. Ele simplesmente troca de forma.  Por isso, atĂ© hoje, 11 atores interpretaram o personagem na sĂ©rie. A partir da retomada de 2005 foram trĂȘs Doctors: Christopher Eccleston na primeira temporada (a mais fraca e claramente a mais pobre de orçamento de todas), David Tennant na segunda, terceira e quarta e Matt Smith na quinta, sexta e sĂ©tima.

Doctor Who Ă© um prato cheio para quem gosta de ficção cientĂ­fica, de comĂ©dia e drama. É possĂ­vel reunir tudo isso em apenas um episĂłdio. E atĂ© o momento nessa nova leva, capĂ­tulos memorĂĄveis jĂĄ foram feitos - a maioria escritos por Steven Moffat que em 2010 assumiu o posto de produtor executivo e principal escritor da sĂ©rie, alĂ©m de colaboradores de peso, como o escritor Neil Gaiman - do clĂĄssico dos quadrinhos Sandman.

Independentemente da forma meio boba de algumas histĂłrias, sem dĂșvida nenhuma sĂŁo os personagens que fazem de Doctor Who uma grande sĂ©rie. O Doctor - que tem um nome super secreto - Ă© incrivelmente carismĂĄtico e apaixonante com suas loucuras, trejeitos, sentimentos e açÔes (o engraçado Ă© que, ao escrever isso, nĂŁo penso apenas em um, mas nos meus dois preferidos, Tennant e Smith).

Alguns companheiros são melhores, outros mais fracos, mas os que merecem destaques são os outros personagens que eventualmente surgem em um episódio ou outro e que conseguem também viajar pelo tempo e espaço, cada um de sua maneira. Entre eles destaco dois: Capitão Jack (John Barrowman), que inclusive ganhou seu próprio programa: Torchwood; e Professora River Song (Alex Kingston) que, me arrisco a dizer, é uma das minhas personagens preferidas de todas as séries que jå vi na vida, e não foram poucas. Pode ter certeza: se esses dois aparecerem em algum momento, saiba que o episódio serå bom.

Inclusive, um bordão de River Song tem muito a ver com este blog: ela também é uma viajante do tempo (de um tipo diferente do Doctor - porque aqui eu conto tudo mas nem tanto assim) que segue o caminho inverso dele, portanto, sua palavra preferida é "Spoiler", dita sempre que alguém lhe faz uma pergunta que ela não pode responder para evitar dizer algo do futuro e causar um grande estrago, como ensina qualquer manual de viajante do tempo. Sim, é nerd. Mas é muito legal.


TambĂ©m existe uma cartela fixa de vilĂ”es. NĂŁo tenho a menor paciĂȘncia para episĂłdios com os arqui-inimigos do Doctor, conhecidos como Daleks que, para mim, sĂŁo robozinhos meio patĂ©ticos. Por outro lado fico completamente apavorada com os Weeping Angels que fizeram com que eu passasse a olhar feio para qualquer estĂĄtua na rua. Cybermens nĂŁo sĂŁo bons. The Silence e The Whispermen sĂŁo assustadores. Mas sĂł assistindo tudo para escolher quais os seus odiados e preferidos!

Recentemente foi anunciada a saída de Smith do programa, o que causou alvoroço nos fãs e na imprensa mundial com especulaçÔes sobre quem serå seu substituto. Talvez seja até uma substituta. A sétima temporada terminou em maio e a série retornarå com um episódio especial pelos 50 anos de Doctor Who na TV que serå exibido no dia 23 de novembro. Esperemos os próximos spoliers.

Doctor Who é exibido na TV Cultura de segunda a sexta às 20h20 e pode ser visto também no Netflix.