Rock in Rio: relembre seis fatos históricos da primeira edição do festival

British rock star Ozzy Osbourne, left, known for the Gothic and horror themes he uses in his act, performs, Jan. 17, 1985 at the Rock in Rio music festival in Brazil. (AP Photo)
A estrela do rock Ozzy Osbourne teve que se comportar no festival (AP Photo)

O verão de 1985 ficou marcado para sempre pelo primeiro Rock in Rio da história, que colocou o Brasil na rota dos grandes festivais de música. Mas os shows foram apenas uma parte do encanto: muitas histórias, vividas nos palcos e fora deles, deram um aura mística ao Rock in Rio 1985. Confira algumas das melhores.

O piti de Freddie Mercury

Os instrumentistas do Queen nunca foram de chamar a atenção fora dos palcos - ao contrário de seu vocalista, Freddie Mercury. Antes de fazer um dos maiores shows de sua carreira, o frontman do Queen implicou com os artistas brasileiros que dividiam o mesmo corredor dos bastidores, virou o camarim de cabeça para baixo - com direito a mamão atirado no teto - entre outras estripulias. No palco, no entanto, fez história.

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O sino de meia tonelada

O AC/DC fechou contrato com a produção do primeiro Rock in Rio com uma condição: o sino de meia tonelada que acompanhava a turnê da banda teria que ser montado no palco da Cidade do Rock. O sino até veio - de navio - mas a estrutura do palco não o suportava. No típico “jeitinho brasileiro”, a produção construiu às pressas um sino idêntico ao original, só que feito de gesso - e o show correu normalmente.

As vaias aos brasileiros

Ansiosos por artistas internacionais - em 1985, eram raríssimas as atrações de apelo mundial no Brasil - o público escolheu os brasileiros como alvo de hostilidades. Ney Matogrosso reagiu atirando de volta objetos arremessados ao palco. Paula Toller, do Kid Abelha, mostrou o dedo médio para o público. Já Erasmo Carlos, usando um figurino de “Guerreiro do Metal” pra lá de duvidoso, assustou-se. Anos mais tarde, atribuiu à falta de segmentação da programação a razão dos incidentes.

Testemunhas de uma ressurreição

American folk rock singer James Taylor performs at night on Saturday, Jan. 13, 1985 at Rio de Janeiro’s Rock in Rio festival. Billod as the biggest rock music festival ever, the ten-day event features 29 European, American, Australian and Brazilia groups. (AP Photo)
James Taylor voltou a se apresentar no palco do Rock in Rio em 2001 (AP Photo)

James Taylor chegou ao Rock in Rio à beira de encerrar a carreira: quebrado, divorciado da cantora Carly Simon, dependente de drogas e com a ideia de largar os palcos assim que que cumprisse o contrato de suas apresentações no festival. A reação do público, no entanto, mudou tudo: Taylor compôs ‘Only a Dream in Rio’ em homenagem a esse momento, incluiu a faixa no disco seguinte e recolocou a carreira nos trilhos.

Contrato de segurança

Completamente doidão - e alguns muitos quilos acima do peso - Ozzy Osbourne se apresentaria no Rock in Rio menos como ex-vocalista do lendário Black Sabbath na década anterior do que como o homem que arrancou a cabeça de um morcego com uma dentada anos antes. Por conta disso, teve que assinar um contrato assegurando que não mataria nenhum animal durante seu show - e ainda teve um fã que jogou uma galinha no palco.

Pro dia nascer feliz

O Barão Vermelho, ainda com Cazuza nos vocais, pegou o que certamente foi o maior bonde da história durante uma edição do Rock in Rio. Horas antes da apresentação da banda carioca, o Colégio Eleitoral apontou Tancredo Neves para a presidência do Brasil, encerrando duas décadas de militares ocupando o cargo mais importante do país. O discurso esperançoso e improvisado de Cazuza em meio aos versos de ‘Pro Dia Nascer Feliz’, canção que encerrou o show, marcou o festival.