Rapper canta sobre homofobia em 'feat' com Hebe Camargo: "Ela foi resistência"
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Em sua estreia na música, Rene Fellix, paulista, de 25 anos, já alcançou o 2º lugar no iTunes Brasil na categoria de Hip-Hop. O single independente se chama “Ameaça” e retrata como é crescer sendo gay no Brasil, um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. A canção traz uma participação pra lá de especial: frases de Hebe Camargo, que morreu em 2012, em uma entrevista ao programa “Roda Viva”.
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"Já ouvi diversas vezes pessoas mais velhas utilizarem a frase 'no meu tempo era assim' quando estão se referindo às pessoas lésbicas, gays e transsexuais. Então o intuito de colocar o sample da Hebe foi para mostrar para essas pessoas que idade não é uma desculpa para não nos respeitar, porque há anos já existiam pessoas públicas que falavam sobre o assunto. Isso não é nenhuma novidade", aponta o artista em conversa exclusiva com o Yahoo.
"Por que não defender? Eles são piores que a gente? Eles escolheram ser assim? São seres humanos iguais a gente. Eles têm pai, mãe, irmão. Trabalham. Pagam seus impostos", diz Hebe no trecho que está na música.
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Rene considera que a apresentadora foi uma pessoa muito 'plural' em vida. Ele ressalta que muitos gays não simpatizam com a história dela, mas destaca o poder de ‘resistência que Hebe teve: "Ela lutou bastante pelo o que queria, sempre sendo verdadeira no que acreditava e sem perder o sorriso e alegria que tinha. Isso é algo que eu sempre vou admirar em qualquer pessoa".
Raiva pela 'cura gay' inspirou a música:
Rene conta que escreveu "Ameaça" em seu quarto, num dia de fúria após ler notícias sobre a 'cura gay' na internet e perceber que muitos ainda acreditavam nela.
"Essa música foi a forma que eu encontrei de dizer para essas pessoas que isso não faz sentido e que não queremos nada além do que é nosso. Não precisam nos ver como ameaças, pois não somos. Só queremos poder viver nossas vidas e amar quem o nosso coração quiser. Sem preocupações, sem medo, podendo sair de casa e tendo a certeza que iremos conseguir voltar", explica o músico.
Para ele, o rap é um estilo musical que deveria abraçar todos os tipos de pessoas, porém, na realidade ainda não funciona assim: "É indiscutível que essas pessoas se incomodam com o fato de homens e mulheres gays estarem rimando sobre suas vivências. Há incômodo por não se identificarem com o que é cantado, por puro machismo ou homofobia."
O sucesso da canção no iTunes foi uma grata surpresa para Rene, que quer continuar levando seu trabalho em prol da luta LGBTQIA+: “Considero a minha música um grande sucesso por ter conseguido escrevê-la e ter encontrado pessoas que entenderam a minha mensagem. Ameaça foi forte e verdadeira sobre a vivência da nossa comunidade e isso pode abrir diversos pontos de discussão."