As semelhanças e diferenças entre a série "1899" e a HQ "Black Silence"

Cena da série
Cena da série "1899" e ilustração do quadrinho "Black Silence". (Foto: Divulgação/Netflix/Mary Cagnin)

A série "1899", criada por Jantje Friese e Baran bo Odar, mesmos responsáveis por "Dark", estreou na Netflix na última semana e foi acusada de plágio pela quadrinista brasileira Mary Cagnin, autora da HQ "Black Silence". A artista apontou elementos na produção alemã que são similares ao seu quadrinho, publicado em 2017, mas os showrunners negaram as acusações.

O Yahoo assistiu à primeira temporada da série, que conta com oito episódios de cerca de uma hora cada, e leu o quadrinho de Mary para analisar as semelhanças e diferenças entre as obras. Confira:

Sinopses totalmente opostas

As diferenças partem das propostas das histórias, que caminham em direções totalmente opostas. "1899" acontece no século XIX e acompanha a viagem do navio Kerberos, repleto de imigrantes partindo da Europa a caminho de Nova York.

Eles sonham com um futuro melhor morando no exterior, mas quando encontram um navio fantasma, o Prometheus, a jornada se transforma em pesadelo e acontecimentos bizarros começam a atormentá-los ao longo dos episódios. Todos os passageiros escondem partes sombrias de seus passados e descobrem que suas histórias estão conectadas, percebendo que as embarcações reservam mais segredos do que eles imaginam.

Já na HQ “Black Silence”, que está disponível gratuitamente no site da autora, a trama é situada no futuro, quando a Terra está com os dias contados. Ao longo das 155 páginas, vemos uma equipe de astronautas liderada pela capitã Neesrin Ubuntu sendo enviada para fazer o reconhecimento de um novo planeta. Nessa missão suicida, o biólogo e ex-presidiário Lucas Ferraro e outros tripulantes precisam descobrir se o local pode ser colonizado, sendo possivelmente a única chance de sobrevivência da humanidade.

Diferente dos quadrinhos, a série tem muito mais espaço para criar e expandir a narrativa de ficção científica. Assim como “Dark”, “1899” tem uma história complexa e com diversas reviravoltas, mas foca em aprofundar na parte psíquica de cada personagem.

Elementos visuais semelhantes

As principais similaridades entre as obras são os elementos visuais, especialmente as grandes pirâmides pretas, que aparecem na capa de “Black Silence” e nas imagens de divulgação da série. Segundo Mary, ela viu os elementos de sua história serem “diluídos em 1899”.

Cena da série
Cena da série "1899" e ilustração do quadrinho "Black Silence". (Foto: Divulgação/Netflix/Mary Cagnin)

As semelhanças aparecem nos aspectos visuais como nas pirâmides e nos momentos específicos em que elas surgem nos olhos dos personagens, as vozes, mortes repentinas, códigos e até mesmo os trajes “espaciais”. O que, no entanto, também é comum em produções do gênero, mas ainda assim há takes que poderiam ser considerados visualmente adaptações cinematográficas do quadrinho.

Baran bo Odar, um dos criadores de “1899”, declarou publicamente que nunca leu “Black Silence” e que a acusação de Mary é uma tentativa de lucrar vendendo a HQ: “Infelizmente, não conhecemos esta artista, seu trabalho ou seus quadrinhos. Nós nunca roubaríamos o trabalho de outra artista, pois sentimos que somos artistas também. Entramos em contato com ela, então espero que ela retire essas acusações. A internet se tornou um lugar estranho, e peço por mais amor ao invés de ódio”, escreveu ele.

Próximos passos

Após a acusação viralizar nas redes sociais e ganhar repercussão internacional, Mary Cagnin informou que está lidando legalmente com a situação: “Queridos. Primeiramente gostaria de agradecer por todo o apoio que recebi nos últimos dias. É impossível acompanhar tudo, mas saibam que a força de vocês é o que me move. Aos que estão preocupados: eu estou bem, e todo o caso já está sendo tratado legalmente. Se cuidem”, escreveu ela em publicação no Twitter.