Premiado, Christian Malheiros nem pensava em ser artista: "Nunca me vi nesses lugares"

A estreia de Christian Malheiros nos cinemas foi aos 15 anos. No teatro, ele começou a se apresentar ainda anos antes. Mas se engana quem pensava que a carreira nas artes era um sonho de criança do menino criado na periferia de Santos, em São Paulo.

Convidado do Yahoo Entrevista divulgado nesta semana, Malheiros conta que a pressĂŁo em casa era para trabalhar e ajudar com as contas. NĂŁo se vislumbrava a possibilidade de uma carreira artĂ­stica e midiĂĄtica.

"Eu jĂĄ quis ser muita coisa quando era pequeno. Mas nunca pensei em ser artista, eu nunca me vi nesses lugares de televisĂŁo", afirma. "VocĂȘ sempre tem um exemplo, nĂ©?! É: 'estuda para nĂŁo ser como eu, como seu pai, como sua mĂŁe!'. Os pais falam isso pra gente, pelo menos pra mim. Eu ouvi muito minha mĂŁe falando pra eu estudar pra nĂŁo ter um emprego como o dela, que era braçal, que era um trabalho mais difĂ­cil", acrescenta.

Esse conselho nĂŁo incluĂ­a, claro, a atuação. "VocĂȘ Ă© da periferia, tem uma realidade difĂ­cil. (...) AĂ­, do nada, eu falo que quero ser artista? Minha mĂŁe ia endoidar, nĂ©?!", brinca.

Mas Malheiros conseguiu. Por meio de iniciativas sociais, ingressou no teatro, depois no cinema, no streaming e tem muitos projetos ainda por vir. Alguns deles sĂŁo a comĂ©dia "A Última Festa", seu primeiro trabalho no gĂȘnero, e o filme "BiĂŽnicos", na Netflix. Neste Ășltimo trabalho, o ator viverĂĄ um "cara mais ligado Ă  tecnologia" na trama que aborda o futurismo, com atletas paralĂ­mpicos reconhecidos como grandes estrelas.

Desmanche cultural

Christian descobriu sua paixĂŁo pela arte depois de uma travessura: falsificou a assinatura da mĂŁe para poder participar do projeto "Mais Educação", que ofertava oficinas de teatro e dança de rua. Ele destaca, com orgulho, que Ă© fruto de polĂ­ticas pĂșblicas voltadas para a cultura, como foi esse projeto.

Encerrado em 2016, o Mais Educação ampliou e reorganizou a jornada escolar a partir da inclusão de atividades ligadas à cidadania, meio ambiente, direitos humanos, cultura e artes, entre outras åreas.

Beneficiado por tal ação, Malheiros lamenta o "desmanche" ocorrido no setor cultural nos Ășltimos anos. "O cinema tem uma função social, principalmente no Brasil, por isso que a gente vĂȘ tanto desmanche de leis de incentivo. A gente teve a desconfiguração, o desmanche da Lei Rouanet. A gente teve um desmanche da Ancine, a gente teve cada vez menos polĂ­ticas voltada para o setor cultural", critica.

Para o artista, mesmo a comédia ou os filmes mais comerciais trazem discussÔes importantes para a sociedade. Sendo assim, o incentivo deveria ser regra. Infelizmente não é.

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