Pirataria de luxo: entenda como as redes sociais fomentam essa indústria
Entenda o aumento no consumo de falsificações de itens de grife
A pirataria está em alta. Segundo um levantamento do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), o consumo de falsificações vem crescendo com força no Brasil desde a retomada da economia, após os impactos da pandemia de COVID-19. Somente no primeiro trimestre de 2021, foram apreendidos 2 milhões de mercadorias falsas no país.
Se pensarmos que a moda vive de desejo, não é de se espantar que mais de um terço da pirataria no Brasil corresponda a roupas, sapatos e acessórios. A busca pelo menor preço é sempre a principal motivação para o consumo de produtos falsificados. É a soma desses dois fatores que sempre colocou os itens de grife entre os principais alvos da pirataria. Mas atualmente o consumo de réplicas de produtos de luxo ganhou um agravante a mais: as redes sociais.
Somos cada vez mais expostos a ostentação de roupas e acessórios de marcas de luxo através de todas as plataformas digitais e em todos os formatos possíveis. Num país em que mais da metade da população corresponde às classes D e E (renda mensal inferior a R$ 2,9 mil), segundo o IBGE, esses produtos são inacessíveis. Mas continuamos consumindo diariamente o conteúdo digital em que eles são associados a um estilo de vida a que aspiramos ou a uma persona que admiramos. Isso fomenta um desejo inalcançável por uma bolsa ou uma roupa cujo preço é mais alto que nosso salário.
Neste contexto, as redes sociais assumiram também, mais recentemente, um papel ainda mais direto no incentivo ao consumo de falsificações de luxo: o de comparar réplicas e indicar sites para compra. Resenhas com avaliação de custo/benefício, unboxing, lista de preços, até comparações lado a lado de produtos originais com piratas. Esse tipo de conteúdo já se espalhou no universo digital em todos os formatos possíveis e é bem provável que você já tenha se deparado com ele em alguma de suas redes sociais.
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“E o que há de mal em comprar por R$ 50 uma cópia perfeita de uma bolsa de R$ 20 mil que eu não conseguiria pagar?”, você pode perguntar. A pirataria evoluiu muito e de fato há falsificações que se assemelham muito ao produto original e reproduzem até as minúcias da embalagem e etiquetas que acompanham a compra. Então, para muitos, o quesito qualidade do produto acaba se associando ao preço baixo na aceitação da réplica.
Mas há outras questões relevantes nesse assunto. A principal delas é ética. Pirataria é crime previsto no art. 184 do Código Penal. Existe um impacto econômico também. Isso por conta dos impostos que deixam de ser arrecados na venda de produtos falsificados.
Além disso, a pirataria provoca o aumento – sim, AUMENTO – do valor dos produtos de grife. É o que apontou uma pesquisa da Universidade Internacional de Estudos Sociais Guido Carli, de Roma. Isso porque o consumidor, ciente da existência de falsificações, se mostra disposto a pagar ainda mais caro por um produto original. A instituição chegou a registrar o aumento de mais de 50% do valor inicial de uma bolsa Gucci após um episódio de pirataria. Pasme!