Por que as pessoas não gostam do Romero Britto?
Deve ter pipocado na sua timeline um vídeo do Tik Tok em que uma mulher destrói, durante um evento, uma obra do artista brasileiro Romero Britto, que olha inconsolável para a situação. A internet vibrou com o que ela fez.
De acordo com a autora das imagens, a moça teria ido à celebração para “se vingar”, já que Romero teria maltratado os funcionários de seu restaurante. Porém, mesmo sem o contexto de falta de gentileza, muita gente teria comemorado ao ver uma obra do artista plástico ser destruída. Mas por que as pessoas não gostam de Romero Britto?
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O diretor de arte, professor e pesquisador de estética na USP (Universidade de São Paulo) Marcelo Denny acredita que o simplismo da estética do autor contribuiu para angariar tantos “haters”.
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“Ele é inegavelmente um filhote da arte pop, mas com traços e temáticas muito mais simplistas”, fala o especialista. O fato de ele não apresentar nenhuma crítica ou propor novas visões do mundo incomoda estudiosos da arte. “Esse efeito popular, meramente decorativo, faz com que as pessoas o associem a um tipo de arte muito simplista diante de um país que é bastante complexo.”
O video completo da senhora explicando a #romerobritto como se deve tratar os funcionário. O melhor investimento que ela fez foi perder de vista o tal coração!! Super marketing para #Oleoleandtapelia pic.twitter.com/ATcddiyJu9
— Bia Santos (@biasantos13) August 14, 2020
Romero Britto criou uma “marca registrada”, com o uso de cores primárias e traços largos. “É uma estética que atrai crianças.” E também o olhar de publicitários. A arte do artista brasileiro já esteve em embalagens de produtos e em itens como canecas e garrafas térmicas. O fato de ter vendido tanto a sua estética pode, também, ter cansado um pouco o público. “É um design palatável, quase infantil. Assim, as pessoas já o associam à decoração.”
Porém, há, também, um costume de criticar o Romero Britto para parecer um pouco mais intelectual do que as pessoas que gostam das obras dele. “Gostar dos quadros dele virou sinônimo de brega e de ter mau gosto. E todo mundo gosta de parecer melhor do que os outros.”
Mas como ele continua vendendo tanto?
Enquanto na internet ele é mal falado, o artista tem pessoas poderosas entre seus compradores. Quadros do Romero Britto foram encontrados na casa de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro (RJ). O artista também é conhecido no Palácio do Planalto: ele já retratou os presidentes Lula, Dilma e, mais recentemente, Jair Bolsonaro. De acordo com o site oficial de Britto, a obra quebrada pela mulher no vídeo custa cerca de R$ 26 mil. Ele é tido como o artista contemporâneo mais bem-sucedido do país.
“Financeiramente”, pontua o pesquisador de arte. O fato dele ser “queridinho” entre a parcela mais rica da população renderia bem para o seu bolso, mas não necessariamente para a sua fama como artista. “Ele acabou sendo associado a um certo fetiche de milionários. É um público que entende a arte como produto mercantil.”
O fato de que Romero Britto não abordar assuntos espinhosos em seus quadros contribuiu para que ele ganhasse espaço nas casas dos mais ricos. “Ele pode atender uma parcela das pessoas que não veem a arte como possibilidade de trazer debate, mas como decoração. A arte sofre, mas o mercado agradece.”