'O Rei da TV': Nove passagens curiosas da série sobre Silvio Santos
Por Celina Cardoso
No ar na plataforma de streaming Star+, a série "O Rei da TV" mostra momentos-chave da vida de Silvio Santos. O ícone da televisão brasileira é o Senhor Abravanel, empresário e apresentador brasileiro, nascido no seio de uma humilde família de origem turco-grega, que imigrou para o Rio de Janeiro. No ar desde 19 de outubro, a produção causou polêmica entre as filhas do apresentador, que acusam o seriado de não falar a verdade sobre o pai.
O próprio Silvio também fez suas críticas à produção. Em entrevista ao canal de Lucas Padula, no Youtube, o apresentador deu sua opinião. "Não é boa nem é ruim. É meio piada. Foi mal feita, não foi bem feita. Eles podiam fazer melhor. Não lembro dos atores da série, mas foi muito mal feita, podia ter sido mais bem feita", alfinetou.
Para Mikael de Albuquerque, um dos roteiristas da série, essa insatisfação por parte da família é algo natural. Ele classifica a obra como uma ficção, apesar de ter sido construída com base em pesquisas em fontes diversas. “Em alguns momentos, a série é mais biográfica e, em outros, criamos elementos mais dramáticos. Esse recurso é comum em ficções para entreter o espectador, mas sempre utilizado com responsabilidade”, justifica.
O Yahoo separou algumas passagens curiosas da série. Confira:
No precinho
Com o pai viciado em jogo, Sílvio começou a trabalhar muito cedo para ajudar a botar comida na mesa da família. Mais velho dos seis filhos de Rebecca Caro e Alberto Abravanel, Silvio virou aprendiz de um camelô português bastante astuto, mas logo superou o professor, tornando-se seu próprio patrão. O capital para o início do negócio foi a penhora de uma relíquia de família – feita escondido de sua mãe – para a compra das mercadorias.
Graças ao carisma e à capacidade de entender muito rapidamente como as coisas funcionam, Silvio prosperou na profissão, mas também sofria com a abordagem da polícia, exatamente como acontece com os ambulantes. Como todo bom carioca, ele já deixava separado o dinheiro da extorsão policial, sempre fingindo não ter o que hoje se chama de ‘arrego’ pago aos policiais.
Caravana de onde?
A série dá um salto ao mostrar Silvio já em São Paulo, trabalhando na rádio Nacional com Manuel de Nóbrega, pai de Carlos Alberto de Nóbrega. Ao mesmo tempo em que trabalhava na emissora ou empresa de comunicação, Silvio fazia caravanas, shows circenses que rodavam a cidade de São Paulo. Além das atrações artísticas, o apresentador usava seu carisma para fazer propaganda dos comércios locais que apoiavam as apresentações. Muitas vezes, a divulgação dessas lojas ajudava a pagar os custos das apresentações de Silvio.
O Homem do Baú
Originalmente, o Baú da Felicidade era um negócio de Manuel de Nóbrega e estava falido. Encarregado pelo patrão de fechar de vez o Baú, Silvio vê potencial no serviço que vendia carnês, cujas parcelas eram pagas durante o ano inteiro e depois trocadas por mercadorias, e o mantém em funcionamento, às escondidas do patrão. O dinheiro para resgatar o Baú vem de Maria Aparecida Vieira Abravanel, então noiva de Silvio, que abre mão da festa de casamento em nome do amor. Cidinha, como era conhecida, foi a primeira esposa do apresentador e teve papel fundamental em sua vida e carreira, apesar de permanecer sempre nos bastidores.
O povo na TV
Graças ao sucesso do Baú, Silvio consegue alugar horário na extinta TV Paulista, popularizando a linguagem da televisão com as apresentações de seu programa e sua capacidade de interagir com o público, incluindo a plateia no show. Sucesso absoluto, quase saiu do ar quando a emissora foi vendida para a Rede Globo. Isso só não aconteceu graças à sagacidade do comunicador, que improvisou um comunicado de extinção do programa ao vivo, gerando indignação na plateia, e dobrando os novos donos da TV.
Aliás, já em seu primeiro programa, que era veiculado nos anos 60, havia a roleta da casa própria, da qual só participava quem estava em dia com os pagamentos do Baú. Na série, o pai de Silvio é retratado como um jogador e é quase impossível não fazer um paralelo com o jogo, que causou a ruína do pai, mas fez a fortuna do filho.
Amigos e rivais
A série retrata uma relação cordial entre Roberto Marinho, dono da Globo, e o protagonista. Mostra, inclusive, um agradecimento de Dr. Roberto a Silvio, que ajudou a Globo a saldar uma dívida milionária. Contudo, o relacionamento não era o mesmo com o executivo todo-poderoso da Globo, que na série se chama Rossi, mas obviamente se refere a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni. Silvio e Rossi já vinham de atritos da TV Paulista, quando ele conseguiu que seu programa ganhasse as tardes de domingo, ocupando o horário do rival.
Filha número dois
Já mãe de Cíntia, a filha número um Silvio, Cidinha desejava outro filho. Como o marido estava completamente absorvido pelo trabalho e sem muito tempo para a família, ela resolve o problema e adota uma menina, Silvia, a filha número dois. Segundo a série, o nome da menina foi escolhido porque as covinhas que apareciam no rosto dela quando sorria lembravam o pai.
Domador de ditador
Importante ressaltar que o programa Silvio Santos fez muito sucesso durante o período da Ditadura Militar no Brasil, que censurava tudo o que era produzido no país. Silvio foi capaz de driblar a censura ao colocar no ar "A Semana do Presidente", quadro que mostrava as principais atividades do presidente-ditador da época. Graças a isso, seu carisma e a sua capacidade de convencer o regime da importância de manter a população devidamente entretida, Silvio conseguiu a concessão para colocar o SBT no ar.
Íris, a patroa
Mãe das filhas número três, quatro, cinco e seis: Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, Íris é retratada como a mulher forte por trás do homem do Baú, insistindo para que o apresentador cuidasse de sua saúde nos Estados Unidos e permitisse que Gugu o substituísse, chegando, inclusive, a assumir o lugar de direção do SBT na ausência de patrão.
As sete pragas do Egito
A série faz menção ao judaísmo, religião de Silvio Santos, por meio de cenas ficcionais nas quais o apresentador delira, devido à preocupação com sua doença na garganta. Silvio passa a enxergar de rãs a chuvas de gafanhotos, assim como conta a história das sete pragas do Egito, que faz parte da Torá e do Velho Testamento, e fala das pragas enviadas por Deus para castigar o faraó egípcio que se recusava a libertar o povo hebreu da escravização.