Movimento LGBTQIA+ 2022: qual a pauta no Brasil?
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Falar sobre o movimento LGBTQIA+ 2022 é reconhecer todas as conquistas dessas pessoas por direitos ao longo dos anos, mas também reconhecer que temos um longo caminho a seguir. Mas o que isso significa?
O que queremos dizer Ă© que, apesar de termos andado muito como sociedade, ainda precisamos andar mais - ou seja, fazer novos avanços atĂ© que todas as pessoas, independente de gĂȘnero ou orientação sexual, sejam vistas como iguais.
Pela lei brasileira, atĂ© sabemos que isso pode ser visto dessa forma, mas, na prĂĄtica, sabemos tambĂ©m que nĂŁo Ă© bem assim - e vamos entender o porquĂȘ nos parĂĄgrafos abaixo:
Movimento LGBTQIA+ 2022 e a representatividade polĂtica
O primeiro passo a tomar quando o assunto Ă© o movimento LGBTQIA+ 2022 tem relação com a representatividade polĂtica. Com as eleiçÔes que acontecem este ano para deputados e senadores, a comunidade pretende ampliar a sua ocupação nos espaços polĂticos brasileiros.
Esses nĂșmeros jĂĄ tĂȘm mostrado mudanças ao longo dos anos. De acordo com um mapeamento desenvolvido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), houve um aumento de 215% no nĂșmero de candidaturas de pessoas trans nas eleiçÔes municipais de 2020.
NĂŁo sĂł isso, mas, segundo informaçÔes do Programa Voto com Orgulho da Aliança Nacional LGBTQIA+, foram registradas atĂ© o dia 4 de setembro de 2020 585 adesĂ”es de prĂ©-candidaturas atuantes em prol da agenda da diversidade de gĂȘnero. Quase 97% buscavam espaço nas CĂąmaras Municipais e 3% miravam cargos de chefe do executivo.
As vitĂłrias daquele ano tambĂ©m foram significativas. Ărica Hilton e Duda Salabert, duas mulheres trans, foram eleitas, respectivamente, ao legislativo de SĂŁo Paulo e Belo Horizonte. Em AracajĂș, Linda Brasil, educadora e mulher trans, foi eleita com o maior nĂșmero de votos, dentre todos os concorrentes. No Congresso, o nĂșmero de eleitos foi bem menor, mas ainda assim importante: Davi Miranda e Fabiano Contarato foram as Ășnicas pessoas LGBTQI+ a ocuparem cadeiras por lĂĄ.
Mais espaço no mercado de trabalho
Outro ponto bastante importante Ă© o mercado de trabalho. Por aqui, ainda existem muitos casos de homens e mulheres LGBTQIA+ que sĂŁo excluĂdos de processos seletivos por conta das suas identidades de gĂȘnero e orientaçÔes sexuais - o que abriu espaço para a criação de vagas afirmativas, uma ferramenta com o intuito de incluir essas pessoas nos ambientes profissionais de forma consciente pelas empresas.
Para muitos membros da comunidade, o mercado de trabalho ainda é visto como um ambiente hostil (ainda mais quando se fala em tecnologia) e muitos evitam comentar sobre a sua orientação ou os seus relacionamentos no ambiente profissional com medo de retaliaçÔes.
Ă fĂĄcil perceber como esse sistema ainda Ă© falho ao olharmos para o ambiente de startups e inovação, por exemplo. No Brasil, das mais de 13 mil startups que existem, menos de 4% foram fundadas por pessoas homossexuais, 1,5% foram criadas por pessoas bissexuais e 0,1% por pessoas transgĂȘnero. JĂĄ os heterossexuais correspondem a 92,3% dos fundadores desses negĂłcios por aqui.
Falando sobre empregabilidade, menos de 3,5% dessas empresas tĂȘm, por exemplo, mais de um colaborador transexual. A inserção dessas pessoas, muitas vezes, esbarra na falta de capacitação, fruto de um modelo de sociedade exclusivo que diminui as possibilidades de sucesso dessas pessoas.
Ou seja, mais do que mais vagas para pessoas LGBTQIA+ é preciso, também, mais instrução para que elas sejam devidamente empregadas e, claro, possam reter esses empregos.
Queda na violĂȘncia
Um dado que, infelizmente, segue acompanhando a luta do movimento LGBTQIA+ em 2022 tem relação com a violĂȘncia. O Brasil ainda Ă© o paĂs que mais mata pessoas trans, por exemplo, no mundo - e mantĂ©m esse lugar no ranking hĂĄ 13 anos.
Segundo o relatĂłrio anual liberado pelo Antra no ano passado, em 2020 o Brasil registrou 175 mortes de pessoas trans - uma morte a cada dois dias. A maioria eram mulheres trans e travestis, pessoas pobres e negras que trabalhavam como prostitutas. O nĂșmero mostrou uma alta em relação aos anos anteriores, sendo o maior desde que o dossiĂȘ começou a ser publicado, em 2018.
No geral, o paĂs registrou mais de 300 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+ em 2021, segundo o Grupo Gay da Bahia, um aumento de 8% em relação ao ano anterior. AlĂ©m disso, de acordo com a ONG SaferNet, foram registrados apenas no primeiro semestre do ano passado mais de 2500 denĂșncias de homofobia na internet.
Ou seja, mesmo com o respaldo da lei, os casos de homofobia e violĂȘncia contra pessoas da comunidade LGBTQIA+ seguem uma crescente - e se buscamos igualdade, isso tem que mudar.
Melhorias no atendimento da saĂșde
Uma queixa comum das pessoas LGBTQIA+ Ă© a falta de preparo do corpo mĂ©dico para lidar com as suas necessidades. De mulheres lĂ©sbicas que nĂŁo se sentem acolhidas no consultĂłrio ginecolĂłgico a homens e mulheres trans que nĂŁo tĂȘm o seu nome social respeitado na hora do atendimento, esses espaços ainda precisam evoluir muito para abraçar as necessidades dessas pessoas.
O MinistĂ©rio da SaĂșde lançou, em 2011, a PolĂtica Nacional de SaĂșde Integral de LĂ©sbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - e ainda liberou cartilhas e outras campanhas de conscientização sobre a lida com essa população no consultĂłrio mĂ©dico. No entanto, ainda assim a comunidade LGBTQIA+ se sente excluĂda desses ambientes, o que faz com que a sua busca por atendimentos mĂ©dicos caia consideravelmente.