Marina Ruy Barbosa chora ao falar de Gloria Maria: “Amizade de outras vidas”

Morte da jornalista foi anunciada na manhã desta quinta-feira (2)

(Foto: Francisco Cepeda/AgNews)
(Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

Resumo da notícia:

Anunciada na manhã desta quinta-feira (2), a morte de Gloria Maria representa uma grande perda para o público, mas ainda mais para quem a conhecia intimamente. Marina Ruy Barbosa, que tinha a jornalista como uma de suas melhores amigas, não conseguiu segurar as lágrimas ao falar sobre sua repentina e dolorosa partida.

“Gloria merece todas as homenagens possíveis e impossíveis. Ela é uma das minhas melhores amigas e, nesse meio artístico, a gente conhece tanta gente. A gente tem a oportunidade de encontrar tanta gente. Mas são poucas as pessoas que entram realmente na nossa vida, né? E a Gloria, a gente falava que, por mais que nossa amizade fosse inesperada, por causa da nossa diferença de idade, trajetórias e tempos, a gente falava que nossa amizade era de outras vidas, era uma coisa de alma”, declarou a atriz em entrevista ao “Estúdio I”, do Globo News.

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“Eu sempre admirei tanto a Gloria como esse ícone do jornalismo, como essa mulher que quebrou tantas barreiras e foi tão pioneira em vários sentidos. Mas quando eu tive a oportunidade de conhecê-la como pessoa, como mãe, como mulher, eu pude ver que ela era muito além da profissional incrível, ela era uma pessoa admirável, generosa, iluminada, sempre com aquele sorriso marcante”, continuou. “É muito difícil. A gente faz parte da vida, mas é difícil lidar [com uma perda como essa]”, concluiu.

Além de muito amigas, vale lembrar, Gloria Maria foi uma das madrinhas de casamento de Marina e Alexandre Negrão, que também homenageou a jornalista e ex-comadre pelas redes sociais. "Descanse em paz, Glorinha querida", escreveu o empresário no Stories ao compartilhar uma foto em que os dois aparecem abraçados.

Alexandre Negrão e Gloria Maria (Foto: reprodução/Instagram/@alexandresnegrao)
Alexandre Negrão e Gloria Maria (Foto: reprodução/Instagram/@alexandresnegrao)

Carreira

Gloria era um das jornalistas mais importantes do Brasil e estreou na televisão em 1971 durante a cobertura de um dos maiores desastres da história do Rio de Janeiro: a queda de parte do elevado Paulo de Frontin. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”, disse em depoimento ao Memória Globo.

Desde então a jornalista não parou mais e teve uma carreira meteórica por conta de sua espontaneidade em reportar os fatos da cidade. Sempre contratada da TV Globo, ela trabalhou como repórter nas redações do “Jornal Hoje”, “Bom Dia Rio” e “RJTV” no começo da trajetória.

Gloria foi a primeira repórter negra a entrar em um link ao vivo no “Jornal Nacional”. Também cobriu a posse do presidente Jimmy Carter, em 1977, e entrevistou presidentes militares durante a ditadura. O temido João Baptista Figueiredo foi um deles e entrou para o currículo da profissional.

“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura (1979). Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o ‘Jornal Nacional’, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, não vou repetir’, disse Figueiredo a Gloria. Ela ainda lembra que ele mandava, com termos racistas, sua segurança impedir a aproximação da repórter.

Passaporte carimbado

Gloria Maria na Holanda. (Foto: Globo/Divulgação)
Gloria Maria na Holanda. (Foto: Globo/Divulgação)

Uma das marcas da carreira de Gloria Maria são as viagens ao redor do mundo. Ela já preencheu mais de oito passaportes com carimbos de imigração dos países que passou e essa trajetória começou em 1986 quando integrou o time do “Fantástico”.

Além das viagens para exibir belezas do mundo e coisas excêntricas, ela também era requisitada para entrevistar artistas famosos como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna. “Saí daqui e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”.

Informada que teria quatro minutos com a artista, ela jogou com o improviso e ganhou a estrela. “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos”, afirmou e a artista respondeu: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”

Além de cobrir viagens e celebridades, ela também teve momentos na história do mundo na sua história como: a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

Gloria Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos onde obteve sua formação cultural: “Estudei inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Gloria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel. Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo.