Indicado ao People's Choice, Yarley ressignifica influência: "Dar voz a quem não tem"

Yarley em entrevista no
Yarley em entrevista no "PodDelas". Foto: Reprodução/Youtube

Resumo da notícia:

  • Yarley concorre ao People's Choice Awards de Influenciador do Ano no Brasil

  • Em entrevista ao Yahoo, influenciador reflete sobre impacto da visibilidade na internet

  • Cearense, gordo e gay, ele ressignifica referências padronizadas

Nascido em Juazeiro do Norte, interior do Ceará, Yarley não imaginava que estaria entre concorrentes de uma premiação internacional pelo próprio trabalho. Um dos influenciadores de humor que surgiram no auge da pandemia, o jovem é acompanhado atualmente por quase seis milhões de seguidores no Instagram e segue realizando o que parecia impossível.

Indicado ao People's Choice Awards 2022, o cearense concorre ao prêmio de Influenciador do Ano no Brasil com nomes como Luísa Sonza e Virginia Fonseca. Em entrevista ao Yahoo, ele diz ter vivido um mix de sentimentos positivos e uma grande responsabilidade por estar ao lado de pessoas extremamente relevantes na mídia.

O que é ser influenciador?

Para Yarley, ser influenciador é levar sua representatividade e anseios ao público que escolhe acompanhá-lo. "Dar voz a quem não tem voz. Antigamente, queria me olhar e me ver representado por alguém na TV e eu não me via por ser gay, gordo, do Nordeste. Era uma realidade muito impossível e distante", declara ao dizer que essas duas palavras estão fora de seu vocabulário hoje em dia.

Além disso, ele acredita no papel de passar mensagens de uma forma positiva - e cômica - sobre sua personalidade, crenças e sonhos. “Rola identificação. Não só em relação a mim, mas em relação à minha mãe, à minha irmã, à minha história, ao meu passado, o que eu quero ser e o que eu sou principalmente", completa.

Importância de se posicionar politicamente

O influenciador reforça que a relação com os seguidores é pautada na identificação com o que se fala, faz, pensa e isso reflete na posição política. "Tudo o que a gente faz é um ato político. A minha conversa é um ato político, minha roupa, a comida que eu como tem a ver com política. É importante se posicionar e que seja de uma forma pacífica, de uma forma em que a sua opinião é escutada e a minha também e, principalmente, respeitada”, reflete.

Ele destaca a responsabilidade de pessoas com grande audiência sobre o que posta, o que fala, o que faz, mas sem deixar de considerar que todos são seres humanos e também têm defeitos. “Não entendo muito quando a pessoa não se posiciona, não fala muito. Parece que a pessoa está em Marte”, brincou.

Responsabilidade com a influência

Falando em responsabilidade, Yarley acredita que o cuidado em se atentar com o impacto do que se propaga é fundamental. "Não é só sobre o influenciador, mas sobre o outro, quem está ouvindo, quem está vendo. O influenciador tem que ter cuidado, não tem que pensar só nele, porque a rede é um coletivo, uma família, uma comunidade. Temos cabeças pensantes", declara. "O que eu penso, o que eu entendi não é sobre o que o outro pensa e entendeu”, completa.

Lado negativo

Por outro lado, também é necessário lembrar que tudo o que se publica no ar não volta mais e esse é o lago negativo da influência para Yarley. Isso porque as opiniões, comportamentos mudam, mas os registros passados do blogueiro ficam eternizados na internet.

"Acredito que as pessoas mudam. Eu não sou o mesmo de ontem, de amanhã. Mudar é evoluir. O lado negativo é cada um ter sua visão e as pessoas, às vezes, não interpretam [nossas atitudes] como opinião [mutável], mas como: 'Ele é isso e ponto'", desabafa ao ressaltar que influenciadores também estão sujeitos a errar.

Corpo livre

Embora seja do nicho de comédia, Yarley costuma passar mensagens de autoaceitação e dividir seu desenvolvimento de amor próprio com o público. “A gente se arruma muito para o outro. Hoje, eu vivo uma realidade que eu não pergunto para o outro. Meu compromisso é comigo", pontua.

"Por muitas vezes, eu não conseguia ter relação sexual no claro, era só no escuro. Então, a minha relação com o meu corpo hoje é de uma forma íntima. Me olho no espelho, me acho bonita, me agrado", conclui ao dizer que cuidar da saúde é muito mais sobre qualidade de vida do que estética.