Repórter secreto do “Fantástico” mostra o rosto para homenagear Gloria Maria
Vários colegas jornalistas destacaram a importância da apresentadora nas redes sociais
Resumo da Notícia:
Gloria Maria morreu no Rio de Janeiro
A jornalista teve metástase cerebral decorrente de um câncer
Vários amigos jornalistas prestaram homenagens nas redes sociais
Um dos grandes mistérios do jornalismo brasileiro não era a idade de Gloria Maria, como alguns podem pensar, mas a identidade do repórter secreto do “Fantástico”. Responsável por revelar grandes escândalos no país, Eduardo Faustini mostrou o rosto pela primeira vez na carreira para se despedir da amiga que morreu nesta quinta-feira (2).
Em publicação no Instagram, o jornalista especial lamentou a morte dela. “O Brasil perdeu hoje um dos maiores nomes do jornalismo. Gloria Maria será uma referência eterna para a profissão. Tenho enorme orgulho de ter sido amigo e parceiro dessa linda mulher”, escreveu ao compartilhar uma foto com a jornalista.
Um dos mais premiados jornalistas do país, Faustini era o responsável pelo quadro “Cadê o Dinheiro que Tava Aqui?”, do “Fantástico”, expondo casos de corrupção em diversos níveis e crimes policiais. A identidade desconhecida era um trunfo para não ser reconhecido em apurações futuras. Outros profissionais do programa também trabalham com a imagem não veiculada.
Nos comentários, alguns fãs ficaram surpresos em ver o rosto do profissional. “Só com a Gloria partindo pra gente conhecer você, heim?”, escreveu Marilise Gorth. “Caramba, nunca tinha visto seu rosto. Ela realmente devia ser muito especial na sua vida”, argumentou Marc Tawil com um emoji de coração partido.
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Relembre a carreira de Gloria Maria
Gloria era um das jornalistas mais importantes do Brasil e estreou na televisão em 1971 durante a cobertura de um dos maiores desastres da história do Rio de Janeiro: a queda de parte do elevado Paulo de Frontin. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”, disse em depoimento ao Memória Globo.
Desde então a jornalista não parou mais e teve uma carreira meteórica por conta de sua espontaneidade em reportar os fatos da cidade. Sempre contratada da TV Globo, ela trabalhou como repórter nas redações do “Jornal Hoje”, “Bom Dia Rio” e “RJTV” no começo da trajetória.
Gloria foi a primeira repórter negra a entrar em um link ao vivo no “Jornal Nacional”. Também cobriu a posse do presidente Jimmy Carter, em 1977, e entrevistou presidentes militares durante a ditadura. O temido João Baptista Figueiredo foi um deles e entrou para o currículo da profissional.
“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura (1979). Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o ‘Jornal Nacional’, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, não vou repetir’, disse Figueiredo a Gloria. Ela ainda lembra que ele mandava, com termos racistas, sua segurança impedir a aproximação da repórter.
Passaporte carimbado
Uma das marcas da carreira de Gloria Maria são as viagens ao redor do mundo. Ela já preencheu mais de oito passaportes com carimbos de imigração dos países que passou e essa trajetória começou em 1986 quando integrou o time do “Fantástico”.
Além das viagens para exibir belezas do mundo e coisas excêntricas, ela também era requisitada para entrevistar artistas famosos como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna. “Saí daqui e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”.
Informada que teria quatro minutos com a artista, ela jogou com o improviso e ganhou a estrela. “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos”, afirmou e a artista respondeu: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”
Além de cobrir viagens e celebridades, ela também teve momentos na história do mundo na sua história como: a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Gloria Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos onde obteve sua formação cultural: “Estudei inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Gloria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel. Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo.