'Game of Thrones' termina com episódio sem emoção e buscando tom conciliatório

O final de ‘Game of Thrones’, série considerada um dos maiores fenômenos da cultura pop deste século, entrará para a história como um imenso anti-clímax. Quem sentou na frente da TV ou computador na noite deste domingo esperando reviravoltas surpreendentes e cenas de alto impacto certamente foi dormir frustrado com a escolha dos roteristas em terminar tudo com um capítulo que deixou de lado o caráter épico para se concentrar em negociações políticas.
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Assim, ‘Game of Thrones’ preferiu escancarar sua mensagem de vez e apostar no resgate do diálogo como a melhor forma de construir um futuro, em vez de armas e violência - levadas ao limite no episódio anterior com o massacre de Porto Real pelas mãos de Daenerys (Emilia Clarke), personagem que foi de heroína a vilã de forma trágica para mostrar os perigos do extremismo.
Trata-se de um recado importante, sem dúvida, mas não era exatamente o que os fãs tinham em mente. Para uma série de investimento milionário e que se caracterizou pelas mortes inesperadas de personagens importantes, acabou que a última vítima pode ter sido a adoração do público, como mostram as reações nas redes sociais.
Veja abaixo os principais pontos do episódio
O beijo da morte
Naquela que mais se aproximou de uma cena de ação em todos os quase 80 minutos do episódio final, Jon Snow dá a punhalada fatal em Daenerys, não sem antes fazer sua jura de amor à então Rainha. O momento parecia inevitável, já que Jon foi sempre o compasso moral da trama, e os atos de Dany apontavam para uma perigosa tirania.
E o trono derreteu...
Logo na sequência, Drogon, o último dragão remanescente, aparece enfurecido pela morte de sua mãe. A impressão é que a criatura não irá poupar Jon, que se mostra até mesmo resignado com seu fim iminente, mas o bicho cospe fogo mesmo é no icônico Trono de Ferro. Ao queimar o principal objeto de desejo das oito temporadas, ‘Game of Thrones’ alerta para as obsessões que cegam e levam a atos impensados.
Um novo Rei

Sem Trono de Ferro, os chefes das casas mais importantes de Westeros se reúnem para definir seu novo líder. Depois de uma rápida argumentação (rápida até demais se levarmos em consideração o peso da decisão), onde Samwell Tarly chega a ser ridicularizado por propor o voto aberto e democrático, com participação de toda a população, Bran Stark é eleito para o posto. Curiosamente, as casas de apostas já tinham cantado essa bola logo no começo da temporada final.
Independência do Norte
Em um episódio que demonstrou intenção de dialogar diretamente com o status político contemporâneo do mundo real, houve até mesmo uma versão do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. Isso porque Sansa Stark declarou, de forma pacífica, civilizada e aceita sem restrições (muito diferente do Brexit de verdade), que o Norte será independente a partir de agora. Assim, os Sete Reinos passam a ser Os Seis Reinos.
Ao final de tudo, Sansa é coroada a Rainha do Norte, Arya parte para explorar o que há além de Westeros (abrindo caminho para uma série derivada com suas novas aventuras, quem sabe?) e Jon Snow, poupado da morte e da prisão após ter matado Daenerys, é exilado e mandado de volta para a Patrulha da Noite, onde se reúne com antigos amigos e o fiel companheiro, o lobo Fantasma.
O grande vencedor

A conclusão de ‘Game of Thrones’ deixou claro que o grande vencedor foi mesmo Tyrion Lannister. Apesar de não ter ficado com o trono (algo que nunca foi seu objetivo), ele não apenas se livrou da morte diversas vezes, incluindo durante o episódio derradeiro, como orquestrou todos os grandes acontecimentos da temporada.
Por mais que seu nome tenha sido excluído na desnecessária brincadeira metalinguística com a versão das ‘Crônicas de Gelo e Fogo’ que aparece numa das cenas finais, é inegável que o personagem vivido por Peter Dinklage foi quem melhor jogou o jogo dos tronos. Não à toa, ele termina como a Mão do Rei Bran.