A nova Lei de Gérson
In dubio pro Gerson, não pró réu.
Eu não posso falar sem provas. Mas difícil imaginar que isso não tenha acontecido no Maracanã. E em vários campos há várias décadas.
Não, Mano...
Não é “malandragem” o Gérson reclamar de muito provável atitude racista de Indio Ramirez no jogaço Flamengo 4 x 3 Bahia, no Maracanã.
É fato que acontece há séculos em vários campos. Mas só agora atitudes mais firmes, conscientes, consistentes e corajosas têm sido tomadas. Como a de Gérson denunciando aquilo que muito provavelmente ele foi vítima. Segundo ele, pela primeira vez em campo. Mas muito provavelmente não a primeira na vida dele. Dos pais dele. Dos avós. De toda uma ascendência que depois de décadas têm que ser mesmo melhor defendida por todos.
Não, Mano. Não é “malandragem”. Algo que você bem conhece como também manja muito de futebol. Mas tem se perdido em reclamações exacerbadas. Perdendo até a razão quando teria motivos para reclamar das arbitragens e dos adversários.
Mano perdeu mais um jogo e também o cargo no Bahia muito pela atitude lamentável de tentar minimizar na hora o que não se pode relativizar. Como o próprio Mano depois admitiu o que é óbvio – e é crime.
Não é mimimi. É fato. Há séculos.
O Bahia de tantas atitudes louváveis e afirmativas prontamente está apurando o que aconteceu com seu atleta e com seu agora ex-treinador.
E faz muito bem.
Porque “cala boca, negro” infelizmente não é aquilo que se falava há muito tempo: “cala boca já morreu”.
Não tá morto. E seguirá matando se atitudes firmes não forem debeladas e debatidas.
Gérson deu um vapo já no campo e na rede social.
E essa bandeira é de todos.
“O ‘cala boca, negro’ é justamente o que não vai mais acontecer” escreveu no Instagram a vítima de injúria racial.
“Não vou calar a minha boca. A minha luta, a luta dos negros, não vai parar”.
É isso, Gérson.
A Lei de Gérson é outra no Século XXI.
Sim. Estamos evoluindo. Nem tudo que acontece em Vegas e em um campo de jogo deve ficar lá dentro.
Mas será que não seria também o caso de os atletas deixarem o gramado no Rio como deixaram em Paris na Champions em protesto ao racismo do quarto árbitro?