Foliões driblam a chuva para curtir blocos no Rio: ponto de ônibus virou 'área vip'

Nem a chuva no fim desta tarde na cidade do Rio foi suficiente para desanimar os foliões que aguardavam os blocos deste pré-carnaval. Os brilhos e adereços ganharam a combinação das capas de chuva em alguns; outros optaram mesmo por se esbaldar embaixo d'água. O importante é curtir.

— Nem o medo da sinusite me faz parar, o bloco é ótimo — comemorou Giulia Butler, de 20 anos, que acompanhava o Maracatu Baque Mulher ao lado da amiga Mia Lima, de 16. Aos pés dos Arcos da Lapa, acompanhavam o grupo de percussionistas composto por mulheres e crianças, enquanto os cabelos molhados eram a única lembrança da chuva, já que o brilho e a purpurina no rosto não foram levados pela chuva.

Já após uma trégua da chuva, o bloco se reuniu embaixo dos Arcos da Lapa e fez uma saudação a Iansã para o encerramento da folia.

— Elas falam de respeito, todas cantam, vejo muita diversidade — encantou-se a psicóloga Dantiely Martins, de 24 anos, acompanhada da namorada Gabriela Torres, arquiteta e urbanista, de 23. Ambas são moradoras do Mato Grosso e estão no Rio passando férias.

— Lá no interior, não tem essa cultura do carnaval. Vamos embora na quinta-feira e já queremos voltar de novo, dessa próxima vez, espero que no próprio carnaval — completou Dantiely, enquanto dançava com sua capa de chuva.

Ponto de ônibus virou 'camarote'

Na Avenida Churchill, transversal à Avenida Antônio Carlos, o terminal dos ônibus deu lugar aos foliões que aguardavam o ensaio do bloco Desliga da Justiça. Marcado para o fim da tarde, o início dos batuques precisou aguardar o término da partida entre Flamengo e Palmeiras, pela Supercopa do Brasil.

Enquanto o apito final não era dado, o público já entrava no clima. O momento em que uma tenda foi montada para protegê-lo da chuva foi acompanhado de gritos e aplausos.

Mesmo fora da proteção do toldo, o engenheiro eletricista Victor Hugo Maulaz e o professor de Educação Física Rafael Carpenter se abrigavam embaixo da marquise de um ponto de ônibus, espaço que chamaram de uma verdadeira "área vip". No entanto, além dos dois amigos, o grupo está mais "desfalcado".

— Juntou a pandemia, os amigos que casaram e os que tiveram filhos — enumerou Victor sobre os motivos que fazem o grupo ter se tornado "uma meia dúzia de gatos pingados". Para os amigos, que se conheceram em um bloco em 2011, o carnaval é sempre um momento muito esperado, em que a ideia é sempre agregar pessoas:

— A gente tem um poder grande: daqui a pouco, quando você for ver, já estamos em trinta pessoas. O carnaval é uma oportunidade para a gente não se levar a sério — comemorou Rafael, que usava uma peruca loira, enquanto Victor usava trajes de oncinha. Eles afirmam que ainda estão "relax", porque, se não tivesse chovido, teriam se inspirado mais.

— A gente viria até de meia rastão e maiô — concluiu Rafael.

Ainda na região central da cidade, o início da noite ainda guardava batuques. Por volta das 19h, as ladeiras de Santa Teresa contavam com o ensaio do bloco Aconteceu, na esquina das ruas Monte Alegre e Aurea.

— Eu trabalho no salão de beleza da esquina bloco. Já trabalhei, agora estou aqui para curtir — comemora Cristiane França, acompanhada da amiga e vizinha Simone Aguiar, ambas moradoras do bairro que aguardam ansiosamente pelo carnaval.

— Deu para curtir. Inclusive, já passou outro bloco aqui mais cedo e ficou lotado. Mas nem a chuva dispersou o povo, de jeito nenhum — observa Cristiane, enquanto bebia uma cervejinha com a amiga.

No fim da tarde deste sábado, a cidade do Rio entrou em estágio de mobilização devido à previsão de chuva forte a moderada, segundo o Centro de Operações Rio. Já no início da noite, o COR registrava apenas chuva fraca em diferentes pontos do Rio.