Faxineiro adotado conclui faculdade de direito em Minas Gerais
O estudante Samuel Santos da Silva se formou em direito pela PUC Minas depois de uma série de provações até chegar à faculdade. Adotado após a mãe desaparecer, trabalhou como faxineiro no Fórum de Contagem (MG) e foi apadrinhado por juízes para concluir a faculdade.
“Eu pensava ‘eu vou entrar lá, nem que seja pela vassoura’”, disse Samuel em entrevista ao portal G1. Semanas depois de começar a trabalhar na faxina, Samuel acabou participando de uma conversa informal sobre questões do direito com o juiz Wagner Cavalieri, da Vara de Execuções Criminais, que costumava promover estes pequenos debates ao parar para um café. Pouco depois, o magistrado decidiu, junto com outros colegas, a bancar a faculdade do rapaz.
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Samuel havia trancado o curso de direito após frequentar o 1º período, já que não tinha condições de pagar a mensalidade de mais de R$ 1 mil. Com o apadrinhamento dos magistrados do Fórum de Contagem que descobriram o interesse do então faxineiro pelo direito, ele conseguiu concluir o curso em cinco anos.
“Eu sempre tive esse sonho do direito. Já vendi picolé, fui servente de pedreiro, auxiliar administrativo. Eu tenho orgulho e uma gratidão imensa pelas pessoas que me ajudar a estudar”, disse Samuel, que também contou com a ajuda da família adotiva.
Samuel saiu de São Paulo rumo a Belo Horizonte ainda criança com a mãe biológica. Chegando na cidade, ele se perdeu, chegou dormir na rua e a passar fome. Ao reencontrar a mãe, seguiram para Contagem até a casa dos padrinhos de casamento dela. Lá, eles perceberam que a mulher sofria de problemas mentais e decidiram cuidar de Samuel. Em seguida, ela desapareceu.
O casal que o adotou, um marceneiro e uma faxineira, tinha outros 11 filhos. Apenas Samuel e uma irmã conseguiram se formar em uma faculdade. Anos depois, ele se reencontrou com a mãe biológica, hoje internada em uma casa de repouso.
Depois de se formar, ele fez pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP) e hoje, acumula horas como estagiário na Procuradoria-Geral do Município de Contagem. O objetivo agora é prestar um concurso público para magistratura.
“Quando eu tive que trancar a faculdade, pensava, ‘meu Deus, eu só quero estudar’. E a ajuda veio. Eu tive que me empenhar para honrar essa confiança. Agora é melhorar sempre”, disse ele ao G1.