Familiares e amigos se despedem de Elza Soares em velório no Rio de Janeiro

Uma das cantoras mais representativas do samba brasileiro, Elza Soares nos deixou na última quinta-feira, 20, aos 91 anos. De acordo com a sua assessoria de imprensa, a artista morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, de causas naturais.

"Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação", inicia comuniado.

"A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim", finaliza a nota, assinada por Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e Equipe Elza.

Em velório no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, familiares e amigos se despedem de um maiores símbolos da música brasileira. "Eu e minha vó estávamos morando juntas agora, então todos os dias nos falávamos e nos amávamos. Ela deixa uma família feita de mulheres fortes, ela me ensinou isso’, explicou ao Yahoo! Vanessa Soares, neta da cantora.

"Elza ensinou esse país a amar. Ela respondia com força, com protesto, mas com amor. Insistiu que a gente poderia amar. Foram muitos anos pra o Brasil a reconhecer", desabafou o empresário da cantora, Pedro Loureiro. "Faria 70 anos de carreira e só no últimos chegou ao apogeu que merecia. Não sabemos ser país ainda, temos que aprender e Elza Soares deixou esse legado. ela nos ensinou a ser gente", completou.

O corpo será sepultado no Jardim da Saudade Sulacap, no Setor do Cristo Redentor, a tarde, e haverá uma homenagem à cantora na capela VIP. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, decretou luto oficial de três dias pela perda irreparável de uma grande carioca.

BIOGRAFIA

Nascida em 1937, na favela Maria Bonita, no Rio de Janeiro. Filha de um operário e de uma lavadeira, lutou para sobreviver antes de ser reconhecida como grande artista. Aos 12 anos, foi obrigada pelo pai se casar e, um ano depois, teve o seu primeiro filho, João Carlos. Mãe de nove crianças no total, Elza perdeu cinco filhos (três morreram de fome) e deixa uma família de mulheres fortes.

Sua carreira teve início aos 16 anos, em 1953, quando participou do programa “Calouros em desfile”, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, e ganhou o primeiro lugar. Com a visibilidade, ela conseguiu um emprego como crooner na Orquestra Garam de Bailes, do maestro Joaquim Naegli.

O seu primeiro disco de estúdio, "Se acaso você chegasse”, foi lançado em 1959, pela Odeon. Com o sucesso da música-título, composta por Lupicínio Rodrigues, ela começou a ganhar reconhecimento e fama pelo Brasil. E foi representando o Brasil na Copa do Mundo no Chile que ela conheceu Garrincha, com quem viveu um romance intenso e conturbado.

Os dois se casaram em 1966 e só se separaram em 1982, após seguidas traições do jogador, que sofria com o alcoolismo. Durante o relacionamento, bastante acompanhado pela mídia, elas chegaram até a ser alvos do DOPS, órgão repressivo da ditadura militar.

Depois de décadas de sucessos, no início da semana, nos dias 17 e 18, ela subiu ao palco do Theatro Municipal de São Paulo para gravar um novo trabalho que lembra seus 70 anos de história musical, um DVD para eternizar seu legado até os últimos momentos.

ÚLTIMAS HORAS

Nesta quinta, 20, Elza não se sentiu mal ou coisa parecida. “Não reclamou de nada. Tomou café da manhã feliz e fez fisioterapia. Por volta de 14 horas ela falou: ‘Eu estou indo embora’, e isso nos deixou preocupados”, contou o empresário Pedro Loureiro ao Yahoo!.

A família acreditou que a frase pudesse ser algum delírio por conta da idade ou alguma infecção e acenderam o alerta. “Chamamos os médicos dela. Quarenta minutos depois que ela disse isso, comentou: ‘Eles estão vindo me buscar’, e a respiração ficou fraquinha. Os médicos chegaram e ela já tinha ido embora. Ela foi embora como queria, mas estava bem e feliz. Estava tudo ótimo”, relembrou Pedro.