Fabricante da ivermectina diz que dados não apontam eficácia contra a Covid-19
A farmacêutica Merck, responsável pela fabricação da ivermectina, informou em comunicado na quinta-feira (4) que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19. A indicação da droga é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a substância é recomendada também em um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde com orientações de “tratamento precoce” contra o coronavírus.
"Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias", diz o comunicado.
Segundo a empresa, os cientistas seguem examinando as descobertas de todos os estudos disponíveis sobre o efeito do remédio para o tratamento de Covid-19, mas ainda não há nenhuma base científica que aponte um efeito terapêutico eficaz em pacientes diagnosticados com o coronavírus.
Leia também:
'Não cantamos mais nas varandas': como está o 2º lockdown na Itália
Desigualdade social e sofrimento psíquico: pandemia pode colapsar educação no Brasil
PGR começa a investigar Bolsonaro e Pazuello por crise na saúde no AM e PA
A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo. No Brasil, ao longo da pandemia ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19.
Em agosto do ano passado, Bolsonaro anunciou que a Anvisa facilitaria o acesso ao remédio para uso contra a covid-19 ao não cobrar mais retenção de receita.
Mas em julho a Anvisa já havia se pronunciado, sustentando que não existiam estudos conclusivos sobre o uso do medicamento nesse contexto. “As indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento”, reforçou a agência de vigilância sanitária.
Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde, comandado pelo ministro Eduardo Pazuello, lançou o aplicativo TrateCOV para orientar o enfrentamento da Covid-19, mas que na prática recomendava o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada como cloroquina, para qualquer pessoa e até animais de estimação.
O Ministério da Saúde afirma que o TrateCOV sugere o diagnóstico por meio de sistema de pontos que obedece "rigorosos critérios clínicos". No dia seguinte, a plataforma foi retirada do ar.