Em uma semana, ‘A Fazenda 11’ retrata o Brasil machista com show de frases misóginas
Não são apenas as tretas, parcerias e clima de romance que estão chamando atenção na 11ª edição do reality ‘A Fazenda’. Desde a estreia, o comportamento de alguns peões incomodou o público nas redes sociais. Presente na fala de homens e mulheres do elenco, o machismo tem rendido muitos debates na internet.
Já conhece o Instagram do Yahoo Vida e Estilo? Siga a gente!
Um dos casos que mais chamou atenção foi o de Andréa Nóbrega, Thayse e Arícia criticando o fato de Drika Marinho rebolar até o chão sendo mãe de duas crianças. Em um vídeo que circula no Twitter, Andréa dispara: “Vocês acham que mulher vai gostar disso? Claro que não. Ela é mãe de uma menininha”.
Olhem que mulher nojenta essa Andrea👍🏻 dizendo que a Drika tava mostrando a bunda ontem na festa e que mãe não faz isso🤦🏻♂️ vão passar pano ainda?. No mínimo a Andrea tem inveja da Drika pq não é possível #AFazenda11 pic.twitter.com/RFCsp8mGza
— antes sofria, hoje sou frio🎀 (@DanielGreal11) September 23, 2019
Leia também
Defendida por muitos, Drika também já cometeu suas falhas. Ao se referir a Andréa, a dançarina afirmou que “não precisa ser sustentada por marido rico”. Depois da frase pejorativa, comentou que “Arícia só saiu da baia porque é gostosa”. Muitos não perdoaram a peoa!
Drika falando que o Neto só tirou a Aricia da Baia pq ela é "Gostosa", que mulher machista #AFazenda11 pic.twitter.com/d1fBwviARV
— xcx (@xcxsnows) September 23, 2019
Como se não bastasse, Bifão e Tati Dias também entraram na pauta. As duas, que já se consideram rivais antes mesmo do programa começar — elas participaram do reality show de 'Férias com o Ex’ e se desentenderam logo depois —, brigaram por um envolvimento com Caio Castro. Na ocasião, fãs de Tati Dias não acharam de bom tom Bifão dizer que Tati teria feito uma suruba com o ator da Globo.
Na última terça (24), no entanto, o jogo virou quando Bifão venceu a prova do fazendeiro e assumiu a liderança da semana, dando brecha para Tati também cometer um deslize. Tudo começou quando Mion brincou com a peoa assim que a prova acabou: “Você vai subir agora e pegar o chapéu da cabeça da sua ‘amiga’”.
Drika contou para Tati o que o apresentador disse no campo de provas. Nervosa, a chef de cozinha disparou: “Ela (Bifão) deve ter dado para ele (Mion)”. A frase não repercutiu bem na web. Os internautas consideraram machista e subiram a tag “Mion merece respeito” depois do episódio.
Tati Dias dizendo que a Bifão deve ter “dado” pro Mion.
Comentário machista e desrespeitoso! O cara é casado, tem filhos... Inadmissível. #AFazenda11 #ProvaDoFazendeiro #ForaDrika
pic.twitter.com/sjjjwApEZo— anothwer 🌶🧚♀️ (@BBBrealanothwer) September 25, 2019
Mesmo com tantos casos de mulheres sendo consideradas machistas, os homens também não ficam de fora, afinal, a sociedade é machista e sabemos disso. Até aqui, dois casos ficaram em evidência. O primeiro envolveu Phellipe Haagensen e Hariany Almeida. Na ocasião, o rapaz chamou Hari de delícia. Depois, a caminho da academia, disparou: “Essa daí coloco no colo e balanço”.
O segundo e mais recente caso envolveu Viny Vieira. O humorista, que já havia comentado sobre a calcinha de Sabrina, afirmou que Arícia deveria entrar de biquíni no galinheiro para “aumentar a produção de ovos” no programa.
O programa é um retrato do Brasil
Em entrevista ao Yahoo!, o psicólogo Jacob Pinheiro Goldberg comentou sobre o machismo no reality e o fato de tantas mulheres reproduzirem pensamentos misóginos. Segundo ele, os casos lembram um fenômeno muito estudado na psicologia norte-americana, uma espécie de “auto-ódio”.
“Todos os estudos feitos a respeito do auto-ódio mostram que se trata da internalização de um sentimento pelo opressor. O indivíduo oprimido sente medo, mas também uma espécie de inveja e admiração pela força do opressor. Nesta hipótese, ele tenta se identificar e reproduzir esses pensamentos até mesmo para justificar seu sofrimento e sua dor. É uma vertente do masoquismo”, avalia.
Nos casos citados, em que as mulheres são machistas com outras colegas de confinamento em vez de terem empatia e sororidade, o especialista acredita que as peoas estão se comportando, inconscientemente, como “capatazes do carrasco”. As falas, inclusive, refletem o quanto o machismo ainda é forte e precisa ser combatido no Brasil.
“Nossa cultura é uma das culturas, junto com o muçulmanismo fanático, mais machistas remanescentes no mundo contemporâneo. Nós estamos em um estágio de primitivismo de civilização quase absoluto. Isso é um problema psicológico, mas também é uma questão moral”, explica.