Dor e incômodo na região genital? Pode ser vulvodínia ou vaginismo; saiba como identificar
Sentir dor ou incômodo na vagina não é normal, principalmente durante o sexo. E o problema pode ser provocado por inúmeras razões.
Entre as causas mais comuns estão as chamadas vulvodínia e vaginismo. Nesta última, ocorre devido à dor durante a contração involuntária da musculatura do assoalho pélvico na penetração, seja por um objeto, dedo ou pênis. “O incômodo vaginal acontece como um ciclo: quando sentimos dor nessa região, os músculos se contraem ainda mais e assim geram mais dor, o que acarreta disfunção sexual”, explica Stephani Caser, ginecologista da Vibe Saúde e doutoranda em endócrino ginecologia pela UNIFESP.
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Já a vulvodínia é a irritação e dor crônica na vulva (área externa da vagina), localizada em toda região ou em pontos específicos. Caser explica que pode ser desencadeada pela relação sexual, pressão no local e até mesmo pelo toque.
Embora pareça raro, o problema acomete algumas mulheres. Muitas vezes, a condição passa despercebida e há demora na procura por ajuda ou investigação do desconforto. Por isso é importante perceber e conhecer as alterações do corpo.
De acordo com a ginecologista, no Brasil há cerca de 2 casos de vaginismo a cada 1000 mulheres. Nos Estados Unidos, dados mostraram que 8 a 16% do público sofre com vulvodínia, sendo que a maior taxa está nas que estão na menopausa, brancas ou hispânicas e com vida sexual ativa.
Mas como reconhecer? Há sintomas?
Quando há dor na região, sendo mais comumente durante o ato sexual, é sinal de alerta. Os sintomas físicos como ardência também podem aparecer junto com o problema. Na vulvodínia, a vulva fica mais sensível, dói ao ser tocada e há queimação ou vermelhidão.
Já no vaginismo, as mulheres podem sentir incômodo até durante o exame ginecológico. A ginecologista Kobayashi explica ainda que há ainda outros problemas na região genital, que podem afetar a vida sexual, aumentando o desconforto ou a dor. “Infecções, como herpes, candidíase, vaginose bacteriana ou inflamação da glândula de Bartholin também aumentam o desconforto na região”, afirma Dra. Nelly Kobayashi, ginecologista, obstetra e sexóloga da clínica.
Qual o tratamento?
Não existe um tratamento específico para cuidar do problema. O que pode ser feito são mudanças comportamentais e até psicológicas. É importante dormir sempre sem calcinha e usar no dia a dia peças à base de algodão. Realizar a higiene de forma cautelosa e apenas com sabonetes com PH neutro ou glicerinados também ajuda a diminuir a recorrência dos incômodos.
Além disso, é fundamental focar em uma dieta diferenciada. “Oxalato de cálcio excretado pela urina é apontado como uma substância irritante na vulva e está presente no amendoim, fibras de trigo, chocolate, espinafre e beterraba”, destaca Caser.
Também é possível investir em exercícios de fisioterapia pélvica, que promovem estabilização do assoalho pélvico e ajudam na capacidade elástica do tecido vaginal.
Em alguns casos, é necessário um acompanhamento psicológico para tratar possíveis traumas ou tabus em relação à sexualidade feminina, para deixar a mulher mais confortável no sexo, seja acompanhada ou sozinha.