Dimas Covas cobra governo para início da vacinação: 'Excelente vacina, mas precisamos que ela chegue aos braços'
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, cobrou do governo do presidente Jair Bolsonaro o início da vacinação da população, em fala feita durante o anúncio da eficácia da CoronaVac, imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pelo governo de São Paulo em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech.
Nesta quinta-feira, foi anunciado que a eficácia da CoronaVac contra o novo coronavírus é de 78% nos testes conduzidos no Brasil. O governador João Doria (PSDB) classificou a divulgação dos dados dos testes de fase 3 como um “dia histórico” e de celebração “da vida”.
“É uma excelente vacina para o momento, mas precisamos que ela chegue aos braços dos brasileiros. Precisamos que ela seja aplicada nos profissionais de saúde, que estão na linha de frente, e nos idosos, que compõem o grupo de risco”, cobrou Dimas.
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou na noite de quarta-feira (6) que o Brasil está preparado e tem seringas suficientes para iniciar a vacinação contra a Covid-19 ainda em janeiro. O ministro também elencou a CoronaVac dentro das vacinas previstas no PNI (Plano Nacional de Imunização).
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O diretor do Butantan também destacou que, nos testes realizados no Brasil, a CoronaVac teve eficácia de 100% contra as formas graves, moderadas ou internações pela Covid-19. Ou seja, daqueles voluntários imunizados e que mesmo assim tiveram a doença, nenhum deles desenvolveu quadros graves, moderados ou precisaram de hospitalizações.
Outro dado importante no estudo é de que a CoronaVac garantiu proteção total contra mortes nos voluntários vacinados que pegaram a Covid-19. Dos voluntários que receberam as doses do imunizante e que mesmo assim desenvolveram a doença, nenhum morreu.
“Se nós já tivéssemos a vacinação na população com essas vacinas, poderíamos esperar um resultado similar a isso. Na prática, estaríamos evitando mortes, evitando casos graves, moderados, evitando internações e reduzindo significativamente os casos leves”, completou Dimas.
OS TESTES DA CORONAVAC NO BRASIL
Os testes da CoronaVac no Brasil começaram em 20 de julho e envolveram 13 mil voluntários da área da Saúde em 8 estados. Os profissionais, divididos em um grupo que recebeu o imunizante e outro que recebeu um placebo, tiveram duas doses da CoronaVac aplicadas em um intervalo de 2 semanas.
Desses, cerca de 220 foram infectados pelo Sars-CoV-2.
Os estudos clínicos da vacina encabeçada pelo governo paulista foram apresentados à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em reunião com membros do Butantan. Após o encontro, o Butantan oficializou o pedido para registro emergencial do imunizante.
Os dados foram revisados na Áustria pelo Comitê Internacional Independente, que acompanha os ensaios realizados em São Paulo e em outros estados do país. Doria reiterou na véspera que a vacinação no Estado começará dia 25 de janeiro.
O anúncio ocorre após três adiamentos da divulgação da eficácia da CoronaVac. O governo de São Paulo disse que divulgaria os dados preliminares da fase 3 em 15 de dezembro, mas na véspera mudou de tática porque a alta circulação do vírus no Brasil permitiu chegar a um patamar de voluntários infectados suficiente para fazer o estudo para pedir um registro definitivo.
A nova data para o estudo final seria 23 de dezembro, mas foi novamente adiada. O motivo: a Sinovac viu discrepâncias entre os resultados de eficácia no Brasil e na fase 3 que conduz em locais como Turquia e Indonésia.
Pessoas com acesso às conversas sugerem que a eficácia no exterior ficou algo acima da brasileira porque o estudo aqui foi feito com pessoas mais expostas, só profissionais de saúde, enquanto lá fora os grupos representavam a população em geral.
O Butantan já tem em solo brasileiro 10,8 milhões de doses da CoronaVac. A expectativa do instituto é chegar a 46 milhões de doses em janeiro e 100 milhões em maio.