O diamante da discórdia que não estará na coroação de Charles III
O diamante Koh-i-Noor é reivindicado por quatro países
Resumo da Notícia:
Charles III será coroado no começo de maio
O rei ascenderá ao trono cerca de sete meses após a morte da mãe
O diamante Koh-i-Noor é reivindicado por quatro países
A coroação do rei Charles III só acontecerá em maio, mas os babados reais já estão ocupando as páginas dos tabloides. Um dos principais envolve a coroação de Camila Parker Bolws, a rainha consorte. Isso porque tradicionalmente a coroa usada pela rainha-mãe é colocada sob a cabeça da esposa do rei, mas a peça carrega uma das pedras mais controversas do mundo.
Criada em 1937 para a coroação de George VI, o pai de Elizabeth II, a coroa usada pela rainha-mãe, Elizabeth, possui o polêmico diamante Koh-i-Noor no centro de sua cruz, que fica na frente da peça. Ele não é o maior, ou mais puro, da coleção real, mas é o mais disputado. Índia, Paquistão, Afeganistão e Irã reivindicam a pedra por diferentes motivos, muitos deles históricos.
A ausência da coroa, com pedra, no evento em que o rei recebe as joias, marcas do seu reinado, e jura cumprir seu dever até a morte será o mais diplomático possível e exibir a joia na cabeça da monarca poderia soar como uma provocação. Para isso, a coroa usada pela rainha Mary está sendo, pela primeira vez na história, customizada. Diamantes usados por Elizabeth II serão cravados na peça.
História
Koh-i-Noor, que significa em persa "montanha de luz", data de antes de 1600, mas tem suas origens controversas. Muitos povos acreditam que o diamante é Syamantaka, uma gema lendária que tem poderes mágicos e é descrita nos contos de Bhagavad Purana sobre Krishna, um dos deuses mais populares para os hindus.
Shah Jahan, o governante Mongol em 1635, tinha a pedra cravada em seu trono rodeada de rubis, pérolas e esmeraldas. O povo liderou a Índia por cerca de um século até que a fama das riquezas do país corressem o mundo e ele fosse invadido por Nader Shah, em 1739. O líder roubou um tesouro tão grandioso que as histórias contam que foram precisos 700 elefantes, 4.000 camelos e 12.000 cavalos para levá-lo.
Foi neste momento que o diamante indiano foi retirado do país pela primeira vez e recebeu o nome persa pelo qual é chamado até os dias atuais. A gema foi transferida do trono para uma pulseira que Nader usava, se tornou peça da realeza e foi passando de governante para governante.
Ele retornou à Índia em 1813 e voltou a ser passado de líder para líder até a invasão britânica. Ao saber da história da peça, tropas começaram a buscá-la a mando do Lord Dalhousie, o governador-geral imperialista da Índia. Ele via o diamante como símbolo de poder e se os ingleses o tivessem seria uma conquista para a invasão. "Ele conhecia sua história. Ele sabia que era digno de uma rainha e que simbolizava o domínio britânico sobre seus súditos", explicou o escritor e analista político Saurav Dutt à BBC.
Versões dão conta que ele teria chegado às mãos do lord em 1849 como um “presente”. "Não ouvi falar de muitos 'presentes' sendo entregues na ponta da baioneta", lembrou Anita Anand, jornalista da BBC e co-autora de um livro sobre o Koh-i-Noor.