'BBB' do Coronavírus: infectados mostram rotina e reforçam isolamento

matches represent people, those burned out are sick, social distancing reduces infection rate and spread of the virus
Um perfil no Instagram tem divulgado depoimentos de pessoas infectadas, mostrando a importância de ficar em casa em tempos de pandemia (Foto: Getty Creative)

O que o ‘Big Brother Brasil’ e o Coronavírus têm em comum? Foi a partir do reality show que Carolina Padilha, uma das fundadoras do perfil Quarentene-se, no Instagram, decidiu usar a ferramenta para mostrar ao país o senso de urgência em relação à lida com a doença e a necessidade do isolamento.

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Uma das primeiras infectadas confirmadas no Brasil, ela conta que viu o anúncio sobre a pandemia no reality show da Globo, mas sentiu que a oportunidade da emissora de demonstrar para a população como um todo a urgência diante do assunto foi perdida.

"A gente pensou: 'O que a gente pode fazer para conscientizar todo mundo?'. A gente busca alcançar o maior número de pessoas com informações verídicas, estamos tomando um super cuidado para não passar fake news, checando tudo antes de postar, e ao mesmo tempo trazer um pouco de leveza e distrair as pessoas nesse período", explica ao Yahoo!.

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Entre dicas de como ficar bem durante as semanas de isolamento e informações sobre a doença, o perfil se propõe a contribuir com relatos de pessoas que já tiveram que lidar com o vírus e todo o processo - do diagnóstico aos tratamentos e a recuperação.

As pessoas precisam entender que urgente é esse vírus

No Brasil, os casos confirmados de coronavírus beiram os 3 mil, com 77 mortes, até o momento. A estimativa é que, já na próxima semana, os casos aumentem exponencialmente, reflexo da rápida transmissão do vírus. Por um lado, a boa notícia é que o isolamento já estabelecido em São Paulo parece ter dado resultados positivos e achatado a curva de disseminação da doença - o que garante a não sobrecarga do sistema de saúde. Por outro, ainda teremos que ter muita paciência antes de voltar à rotina normal.

A necessidade de informações de confiança, em tempos de fake news e guerras políticas, mostrou os seus resultados: além de uma série de feedbacks positivos, Carol conta que em apenas três dias de criação do perfil, no dia 17 de março, mais de 13 mil pessoas já haviam visualizado a página - até o momento em que este texto foi escrito, o perfil beirava os 4.300 seguidores.

"A maior dificuldade tem sido fazer as pessoas pararem de viver a vida delas. Porque elas se conscientizam, falam 'Vocês tão certas', apoiam, mas dizem 'Ah, preciso ir no supermercado, preciso ir no cabeleireiro', ou 'O meu trabalho é muito urgente, eu preciso ir.’ As pessoas precisam entender que urgente é esse vírus. As empresas tão caindo aos pedaços, o momento é muito crítico, mas nada é mais crítico do que conter esse vírus. Nada deveria estar acima disso. Levar esse senso de urgência tem sido muito difícil", diz ela

Depoimentos alertam para a necessidade do isolamento

"Eu era dessas que achava que era só uma gripezinha", diz Ana Thereza em um dos depoimentos publicados na página. Ela explica que teve pessoas próximas, incluindo parentes, diagnosticados com a doença e tem sentido na pele o que é lidar com as suas decorrências e o confinamento ao mesmo tempo. Ana explica que viu de tudo: de pessoas que evoluíram para uma pneumonia séria e precisaram ser entubadas, até ela mesma, que testou negativo para o vírus, mas chegou a ter alguns sintomas.

"Tudo cansava", é o que diz Victoria Yamagata, que pegou o vírus de uma amiga após um almoço e precisou ir para o hospital por conta da dificuldade para respirar. Os médicos, no entanto, explicaram que, apesar de infectada, o que ela teve foi uma crise de bronquite e não precisaria continuar internada. Desde então, Victoria tem seguido o tratamento e mantido o isolamento e já se sente bem melhor.

Em outro depoimento, Maria Velloso conta que ficou alguns com uma dor de cabeça atípica antes de sentir os sintomas mais agressivos da doença e buscar tanto ajuda médica quanto o isolamento para evitar espalhar o vírus ainda mais.

"É um assunto muito sério, então, a gente tem que falar com a população, com quem a gente puder pra ficar em casa", continua Ana.

Com o desarranjo entre governadores e o Poder Executivo por aqui, é difícil prever o que, de fato, vai acontecer nas próximas semanas. Porém, uma coisa é certa: como dizem os depoimentos e todo o trabalho feito no Quarentene-se, além de todos os movimentos online, o melhor a ser feito, agora, é ficar em casa.