Sejamos todos! 11 passos para você ser um pai feminista
O feminismo é uma pauta que cada vez mais ganha importância na sociedade, e além das discussões sobre equidade salarial, liberdade sexual e elementos políticos, para muitos a questão de igualdade de gênero começa dentro de casa. Assim, são pais, que muitas vezes cresceram sob uma educação machista, os responsáveis por criarem uma geração mais livre de preconceitos e abertas do que a sua foi.
Mas nos perguntamos: como homens podem contribuir para esta luta frente a sua prole? Em primeiro lugar, pais podem ser importantes catalisadores na criação de uma nova geração de cidadãos que lutam e praticam a equidade de gênero, e tudo começa na desconstrução da ideia de que maternidade e paternidade, no cuidado com os filhos, são tarefas diferentes e com trabalhos designados para cada gênero.
Leia também
Quando o hype do momento é a síndrome de burnout (e como evitá-la)
A solidão e as dores de quem mora sozinho em tempos de pandemia
Ser mãe na pandemia: “Chorava e não conseguia brincar com o meu filho”
Parentalidade
Mônica Machado, professora do IDP e autora do livro "Direito das Mulheres: educação superior, trabalho e autonomia" afirma que modelos mais justos de criação são essenciais para que mudanças realmente ocorram.
"A gente tem tentado fazer o que chamamos de 'parentalidade', que é o conjunto de cuidados e tarefas com a criação dos filhos e filhas. É um movimento de dividir de forma mais equânime as obrigações, e o trabalho dos homens nesse processo é se apresentar para tudo e construir uma divisão mais igual, porque com exceção da gestação e parto, não tem mais nenhum outro trabalho que os homens não possam junto aos filhos. Tudo pode ser dividido", explica.
Segundo dados de um guia para pais publicado pela United Nations Women, crianças com pais que se envolvem em sua criação têm maior auto-estima, melhores habilidades sociais e cognitivas, menos problemas de comportamento e maiores realizações acadêmicas. Dito isso, a influência dos pais pode ser decisiva para a existência de crianças mais conscientes.
Licença paternidade
"É preciso que os homens se envolvam, eles têm que compreender aquilo como responsabilidade, e talvez essa seja a maior dificuldade, não só para os homens, mas também para o mercado, para o Estado. Não é possível que a gente concorde com uma mulher ter seis meses de licença-maternidade e o homem ter apenas 20 dias, essas diferenças também atrapalham na construção de uma equidade. As coisas tem que ser equivalentes. A sociedade precisa entender que essa divisão é boa para todo mundo, para os homens, para a mulher, para o capitalismo. E os homens convencidos têm que ajudar a convencer os outros" explica a professora.
O empresário Diego Rodrigues é pai de Clara, de 11 meses, e busca trazer para o cotidiano da filha um modelo de criação mais feminista. Para ele, a compreensão do papel de um homem presente no cotidiano de uma família é mais importante do que apenas o discurso do movimento.
"O principal é a criança crescer vendo que o pai e a mãe têm a mesma responsabilidade com a casa, com a vida, com a educação. Realmente mostrar como as coisas devem ser. De verdade, o que eu mais tento é ser um exemplo de quem foi criado num mundo super machista, dos anos 1980, mas que quer tenta mudar no dia a dia", explica.
Para ajudar neste objetivo, Rodrigues e sua esposa são assinantes de um clube de leitura com livros femininos, que apresentam diversas histórias que pregam diversidade. Ele acredita que a iniciativa é muito bem-vinda para sua missão. "Ela ainda é muito pequenininha pra entender as histórias de maneira lógica, mas a simbologia e tal acho que ela já vai pegando. Não é perfeito, claro, tem algumas coisas nos contos que a gente ainda acha um pouco 'conservador', mas já é algo bem melhor do que existia antes. O último livro que chegou, por exemplo, é muito fofo, é de uma menina que tem duas mães", conta.
Mônica concorda com este tipo de abordagem. "Um dos primeiros passos para criar filhos longe do sexismo é entender que a sociedade irá esperar uma determinada forma de conduta de cada um. No exercício da parentalidade das filhas a tarefa é explicar as desigualdades, não deixar que ela se sinta uma fracassada, uma impostora e que lute por seus direitos. Quando educando meninos o esforço é em convencê-los dos seus privilégios e ensiná-los a olhar para as mulheres como seres humanos, iguais a eles" afirma ela.
Ter atenção com os brinquedos e elementos que chegam ao contato dos seus filhos também é essencial. Brinquedos tradicionais para meninas focam na aparência e cuidado, enquanto brinquedos para meninos focam em competição e habilidades espaciais. Assim, garanta que seus filhos brinquem com uma variedade de brinquedos para que eles desenvolvam uma gama de habilidades cognitivas e espaciais.
Por fim, veja mais algumas dicas para ser um pai aliado da causa feminista:
Passar mais tempo com seus filhos pode trazer um grande impacto na vida deles.
Ajude com deveres de casa, leia livros e converse sobre os objetivos e experiências diárias dos seus filhos.
Dê aos seus filhos mesada e tarefas iguais independente do gênero deles.
Também é importante mostrar aos seus filhos o que é uma divisão meio a meio. Ver os pais dividindo a responsabilidade pela louça e lavagem de roupa ajuda a moldar as atitudes de gênero do seus filhos e as aspirações de carreira deles.
Seja atencioso com o que seus filhos leem ou assistem.
Tão importante quanto ensinar sua filha a liderar, é igualmente importante ensinar seu filho a respeitar seus sentimentos e cuidar dos outros.
As meninas costumam ser rotuladas de "mandonas" ou "sabe-tudo" quando se manifestam ou assumem a liderança, fazendo com que sua confiança diminua. Garanta que elas não sintam que devem abrir mão de se expressar.
Comemore os esforços de sua filha para liderar. Ajude-a a definir metas e dividi-las em pequenos passos alcançáveis.
Incentive sua filha a sair de sua zona de conforto para ganhar confiança.
Ensine seu filho a valorizar a inteligência e a consideração em vez de ser apenas forte.
Dê um exemplo de igualdade de gênero para seu filho, apoiando as mulheres em sua vida e celebrando suas conquistas.