Falta pouco para a premiação do Emmy, marcada para acontecer na próxima terça-feira (9). A cerimônia será realizada em Cannes, na França, e contará com uma obra brasileira para lá de especial para torcemos. Quem acompanhar o concurso precisará ficar atento na categoria “Séries de TV Kids”, em que “Malhação Viva a Diferença”, que foi ao ar na Globo em 2017, já foi anunciada como uma das finalistas.

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Escrita por Cao Hamburger, a trama foi ambientada em São Paulo (pela primeira vez) e debateu temas polêmicos, como homossexualidade, racismo, automutilação e desigualdade social. Em conversa com o Yahoo, o autor do seriado afirma que se preocupou em abordar todos esses assuntos, pois fazem parte do dia a dia dos jovens e precisavam estar em uma obra inspirada na realidade.

“É importante tratarmos a vida como ela é”, diz o escritor, que vê a indicação de “Malhação Viva a Diferença” ao prêmio não apenas como uma vitória pessoal, mas para toda a televisão brasileira. “Só de concorrer está ótimo. Estamos concorrendo com os melhores do mundo. É uma alegria, um reconhecimento pela qualidade do produto, roteiro, direção, elenco”, valoriza.

Embora tenha feito o trabalho na Globo, Cao também acredita que ter chegado lá é uma prova de que todas as emissoras precisam acreditar mais no potencial que têm. “A qualidade da TV brasileira sempre foi boa, vista até como o nosso futebol. A diferença é que o futebol está decaindo e a TV evoluindo. Temos um nível muito alto, uma das maiores produções do mundo, então além de comemorar temos que garantir que esse trabalho continue”, garante o autor.

Torcida do elenco

Assim como Cao Hamburger, o elenco da série está vibrando com a possibilidade de levar o prêmio na próxima semana. Ana Hikari, uma das cinco protagonistas da trama, conta que fica emocionada só de pensar que esse foi seu primeiro trabalho na TV e já teve toda essa repercussão.

“Foi como se eu tivesse dois pés direitos e entrasse com os dois! (risos). Foi uma personagem complexa, em que pude me desenvolver enquanto atriz. Além disso, a trama foi gostosa e interessante trabalhar. Tocou em assuntos que me representavam e que eu gostava de falar”, explica.

Filha de um negro com uma descendente de japoneses, a atriz sofreu inúmeras vezes ao ver o pai ser maltratado por conta da cor da pele. Curiosamente, viveu isso na ficção ao interpretar Tina, uma jovem rica, que namorava o personagem Anderson (Juan Paiva), um garoto pobre e negro. Na novela, os dois viviam um amor proibido. E contar essa história foi um privilégio, pois conforme a trama ia se desenvolvendo ela ia sentindo abertura para falar sobre o tema com várias pessoas.

“A maneira como o Cao escreve deixa esse espaço para o público refletir com autonomia. Sempre mostrando, por exemplo, como pode ser ruim o preconceito, a discriminação por raça, gênero ou sexualidade. Ele soube trazer temas delicados com muita inteligência e sem menosprezar ninguém”, defende ela.

Vinícius Wester, o intérprete de MB, também conversou com o Yahoo e afirmou que a indicação ao Emmy veio para coroar um momento muito importante na vida de todos que fizeram parte deste projeto. Ele, que viveu um alcoólatra no folhetim, conta que aprendeu muito com os textos de Cao Hamburger e acredita que a história teve um compromisso ético e social.

“Pudemos dar voz para muita gente que luta todos os dias pelo seu espaço e direitos numa sociedade tão desigual. Acredito que quando fazemos um trabalho com amor e verdade os resultados chegam. Com ‘Malhação’, não poderia ser diferente. Colhemos muitos frutos e aprendizados. Chegou a hora de o mundo conhecer o poder que a amizade tem”, afirma.

Sinopse do seriado

O resumo de “Malhação Viva a Diferença” divulgado pela Globo e presente nas páginas oficiais do Emmy, lembra que a história começa com o encontro das ‘Five’ Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari), Benê (Daphne Bozaski) e Helen (Heslaine Vieira).

Quem assistiu lembra que as meninas se uniram, logo no primeiro capítulo, para ajudar Keyla em seu trabalho de parto, justamente na hora em que o metrô quebrou e elas não tinham outra saída. A partir daí, a novela inicia.

“Apesar de suas diferentes origens, experiências e personalidades, as novas amigas vão descobrir o quão enriquecedor pode ser viver, confrontar e celebrar a diversidade”, diz o anúncio.

Vale lembrar que um dos grandes acertos de Cao Hamburger, que obviamente não são especificados na sinopse, foi aproveitar não apenas as protagonistas, mas investir em todas as tramas paralelas. A irmã de Lica (Manoela Aliperti), por exemplo, tinha o costume de se cortar. E o tema, embora seja embaraçoso para o horário em que a história era exibida, foi importante para o público jovem.

Currículo de peso

Diante de tantos acertos e uma crítica tão positiva, espera-se que a Globo conquiste o Emmy com “Malhação Viva a Diferença”. Cao Hamburger já foi vencedor com a série “Pedro e Bianca”, exibida na TV Cultura. O autor também é reconhecido por ser o escritor de “Castelo Rá-Tim-Bum” e tem muito orgulho de tudo o que conquistou até hoje.

“A gente nunca sabe quando um trabalho vai fazer sucesso, mas ter feito todas essas obras valorizadas pelo público e pela crítica é motivo de muito orgulho. O ‘Castelo’ prova que a nossa TV tem qualidade internacional”, afirma.

Ana Hikari conta que todo o elenco de ‘Viva a Diferença’ é fã de Cao Hamburger e diz que muito antes da indicação ao Emmy, os artistas já imaginavam que a novela causaria barulho quando souberam que o responsável pelos textos seria Cao.

“A gente já sabia que tinha sido um trabalho muito importante, mas o reconhecimento do Emmy é um grande prêmio. Ao mesmo tempo, já sabíamos que o Cao havia sido indicado outros anos e as chances são grandes por conta do excelente texto dele e as temáticas abordadas”, confessa.

Para quem não conseguiu assistir a novela em seu período de exibição na Globo, todos os episódios da temporada estão disponíveis para assinantes do GloboPlay. Agora é só ficar na torcida pelo troféu!

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