Raquel Pacheco teme que filhas sejam julgadas por seu passado na prostituição
Por Marcela Ribeiro (@marcela_ribeiro)
Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha, está prestes a entrar no sétimo mês da gravidez das gêmeas Elis e Maria, e ansiosa para conhecer o rostinho das filhas, que têm nascimento previsto para setembro.
As meninas são filhas de Raquel, 36 anos, com o ator Xico Santos, 31. Eles estão juntos desde setembro do ano passado e foram apresentados por Fabiana Escobar, a Bibi Perigosa da vida real, que inspirou Gloria Perez a criar a personagem de Juliana Paes na novela "A Força do Querer".
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Quando anunciou a gestação em suas redes sociais, Raquel conta que recebeu muito afeto das pessoas e algumas críticas e comentários machistas, relacionados ao seu passado na prostituição, dos 17 aos 20 anos.
"O fato de eu ter sido garota de programa é algo superbem resolvido dentro de mim, até porque está no meu passado distante, só que têm muitas pessoas presas ao meu passado e usam disso até como uma maneira para me ofender. Recebi mensagens de gente dizendo: 'suas filhas vão ter vergonha quando descobrirem que você foi puta'. Essa é a minha preocupação, de elas ouvirem ofensas machistas e que machuquem elas".
Ela pretende ter essa conversa sincera quando as meninas já tiverem algum entendimento e se sentirem à vontade para tirarem dúvidas sobre o passado da mãe.
"Quero muito que elas consigam se defender, ou se chegar nesse ponto de elas se sentirem ofendidas, que não machuquem o suficiente de elas chegarem em casa chorando. É algo que não consigo nem imaginar, isso me preocupa. Quero que elas cresçam já sabendo do meu passado, vai ser muito intuição de mãe".
Diálogo sobre sexo e drogas
Durante sua adolescência, sexo sempre foi um assunto tabu para sua família, ela não teve essa conversa com os pais. E uma das experiências mais traumáticas dela sobre o assunto aconteceu aos 15 anos, quando ela tinha um namorado e ainda era virgem, só que o pai não acreditou.
"Ele colocou na cabeça que eu estava mentindo, que já tinha perdido a virgindade. Ele e minha mãe me fizeram ir na ginecologista para ter certeza que meu hímen estava intacto ainda. Para mim foi um dos momentos mais humilhantes da minha vida, minha mãe de plateia para ter certeza que eu era virgem".
Com as gêmeas, ela pretende ter um diálogo aberto para falar sobre sexo e drogas e orientá-las da melhor maneira.
"Sexo sempre foi muito pecado e tabu para a minha família e a minha educação com as minhas filhas vai ser completamente diferente. A preocupação é que seja no momento certo, hoje em dia cada vez está mais cedo. Que elas tenham consciência que a pessoa é bacana com elas, faço até questão de conhecer, e que seja num momento com uma idade compatível e com uso de camisinha, sempre vou alertar o quanto é importante".
Ela também deixa claro que sexualidade não será um tabu para a família e aceitará suas filhas como elas são.
"Não me importa a orientação sexual delas, tenho uma mente aberta, meus melhores amigos são gays. Amo esse movimento LGBTQI+. A orientação sexual é indiferente, é mais no sentido de elas se cuidarem tanto com doenças quanto com gravidez precoce".
"Quero ser a melhor amiga delas, que elas me contem a primeira frustração, sei que vai ter a primeira decepção amorosa, não tem como fugir dos momentos ruins, vou estar ali dando conselhos, enxugando lágrimas, chorando junto. Senti falta de ter uma amiga-mãe. Minha mãe, por mais que fosse presente fisicamente, como amiga e mãe, ela foi muito ausente".
A mesma abertura para o diálogo acontecerá na adolescência das gêmeas quando o assunto for drogas.
"Drogas é um assunto extremamente importante, também tenho experiência, acabei me autodestruindo com cocaína na época da prostituição. Tenho experiência para falar o quanto drogas faz mal, prejudica a saúde e a vida".
Afastada da mãe
Raquel foi adotada ainda bebê e ela não fala com os pais desde que saiu de casa e começou a se prostituir. Ela tentou se reaproximar da família algumas vezes após isso. O pai morreu em 2012, ela fez contato com a mãe para uma conversa.
"A minha sogra é como se fosse uma mãe para mim, mas não substitui. Sinto muita falta, mas ao mesmo tempo, estou acostumada. Quando meu pai faleceu, nós conversamos por telefone e ela falou que ia esperar passar o momento de luto e que me procuraria".
A mãe nunca procurou e Raquel tentou um novo contato em 2018 e saiu novamente frustrada.
"Liguei, ela foi extremamente seca e minha mãe deixou muito claro que não me considera mais como filha, que eu fiz a minha escolha e que era para eu continuar no caminho que escolhi e que não poderia mais contar com ela como mãe. Acabei trabalhando isso na terapia para aceitar, não tem como eu correr atrás de uma pessoa que não quer".
A decepção maior é o fato de a mãe aceitar nem ouvir o motivo de ter feito essas escolhas no passado.
"O problema de tudo está nestes três anos que fiz programa, ela não me dá o direito de esclarecer, ter uma conversa e mostrar como mudei e evoluí".