Britney Spears afirma que seu pai e advogados embolsaram US$ 36 milhões
Britney Spears está indo com tudo para cima da família. Antes da audiência sobre a tutela, o advogado da cantora, Mathew Rosengart, apresentou documentos alegando que Jamie Spears, pai e ex-tutor de Britney, e os advogados envolvidos teriam embolsado mais de US$ 36 milhões do patrimônio dela ao longo de 13 anos. O patriarca dos Spears teria "desviado milhões" pessoalmente, financiando com esses fundos, por exemplo, os custos jurídicos relacionados a uma agressão contra os filhos menores de idade de Britney, em 2019. Ele também tentou negociar um programa de culinária com redes de televisão, pegando carona no sucesso da filha enquanto ela era alijada dos próprios direitos.
Além disso, Rosengart emitiu uma notificação extrajudicial para a irmã da estrela, Jamie Lynn Spears, relacionada ao livro de memórias publicado por ela, que tem gerado conflitos públicos entre as irmãs.
A investigação forense solicitada pela equipe jurídica de Britney constatou que Jamie "lucrou, com seu papel de tutor", o valor de US$ 6,3 milhões, de acordo com os documentos obtidos pelo Yahoo Entretenimento. Jamie também "aprovou o gasto de mais de US$ 30 milhões do patrimônio em honorários para dezenas de empresas entre 2008 e 2020".
"Apesar de se apresentar como 'voluntário' para o papel de tutor, James Spears instaurou a tutela e desviou milhões de dólares do patrimônio da filha por mais de uma década, recebendo honorários, comissões e outros pagamentos diversos, totalizando mais de US$ 6 milhões (em fundos conhecidos)", afirmam os documentos, que incluem um gráfico ano a ano.
De acordo com a investigação, "os advogados de Jamie receberam muitos milhões a mais", incluindo mais de US$ 1,3 milhão para Holland & Knight, ex-escritório de advocacia do pai de Britney, pagos ao longo de sete meses para custear a luta dele pela permanência como tutor quando a cantora solicitou que fosse removido do papel. O escritório de advocacia cobrou US$ 540 mil pelo trabalho de relações públicas oferecido a Jamie Spears, que ganhava um salário de seis dígitos, além de uma porcentagem dos negócios que fechava para Britney, para proteger a própria imagem em meio ao movimento #FreeBritney.
Na audiência de quarta-feira, Jamie, que sustentou ter sempre defendido os interesses de Britney, quer que a juíza Brenda Penny aprove as questões contábeis pendentes. Dessa forma, ele não teria de responder por elas depois de sua suspensão no terceiro trimestre, após Britney alegar abuso de tutela.
"O Sr. Spears, um tutor ignominiosamente suspenso de uma tutela que já foi encerrada, procura agora desviar ainda mais dinheiro da própria filha", escreveu o advogado da cantora.
A investigação forense, liderada por Sherine Ebadi, da Kroll, detalhou a suposta má gestão da tutela por Jamie. Ficou constatado que ele contratou imediatamente a Tri Star, de Lou Taylor, para gerenciar o patrimônio, o que representa um conflito de interesses, já que Jamie mantinha uma dívida com a Tri Star por um empréstimo pessoal. Posteriormente, enquanto Britney estava em um intervalo do trabalho, ele aprovou um aumento para a Tri Star. Ele também contratou novas equipes de segurança para Britney pela Black Box, empresa do amigo Edan Yemini, que chegou a receber quase US$ 6 milhões do patrimônio de Britney, para, entre outras tarefas, supostamente vigiá-la no próprio quarto e monitorar conversas telefônicas privadas.
Também chama a atenção a acusação de que Jamie teria pago com o patrimônio de Britney os honorários advocatícios relativos à agressão contra os filhos dela, Sean Preston e Jayden James, em 2019. Nenhuma acusação foi registrada, mas uma ordem de restrição de vários anos foi estabelecida para que Jamie não pudesse mais ver os netos.
Os documentos declaram que Jamie, contrariando os conselhos de sua equipe jurídica, também usou fundos imobiliários para pagar os custos legais de Lou Taylor na luta da empresária contra um defensor do movimento #FreeBritney que criou dois sites para difamá-la.
Jamie ainda vendeu terrenos de propriedade de Britney com prejuízo, afirmam os documentos. Atuando como cogestor de Bridgemore, entidade da estrela que incluía diversas propriedades, Jamie vendeu uma delas para uma sobrinha e um sobrinho, Laura e Brad Matthews, por US$ 386.425, "um prejuízo de quase US$ 300 mil para a propriedade". Diversas outras propriedades foram vendidas para terceiros, somando uma perda de mais de US$ 800 mil para o patrimônio de Britney.
De acordo com os mesmos documentos, Jamie também bancou despesas pessoais com fundos imobiliários. Ele residia em um armazém da Bridgemore e excedeu a utilização da propriedade de acordo com o estipulado no contrato. Além disso, ele deveria pagar suas contas pessoais no armazém, mas a Bridgemore, empresa de Britney, pagou mais de US$ 11 mil à AT&T entre 2012 e 2020. A empresa também pagou quase US$ 9 mil à Advanced Multimedia Partners, referentes a melhorias e manutenções do armazém.
O marido de Jamie Lynn, Jamie Watson, é proprietário da Advanced Multimedia Partners.
A empresa de Watson também recebeu US$ 178.071,28 referentes a manutenções e reparos de outra propriedade em Kentwood, também de Britney. Os documentos afirmam que Jamie gastou mais de US$ 1,5 milhão na reforma e conservação da propriedade, mais que o dobro do real valor estimado dela, entre 2009 e 2019.
Os documentos relatam que, ao ser solicitado pelo tribunal a explicar as "despesas extraordinariamente altas" da propriedade, Jamie não respondeu à pergunta.
"[Jamie] garantiu contratos multimilionários a amigos e àqueles com quem possuía dívidas, oferecendo-lhes uma porcentagem considerável dos ganhos da própria filha; ele sustentava conflitos de interesse não divulgados e se envolveu em negociações dos bens da filha em benefício próprio; ele usou ativos imobiliários para bancar despesas pessoais e de associados, incluindo honorários advocatícios após uma agressão aos filhos da Sra. Spears, que gerou uma ordem de restrição contra ele; ele ainda chegou ao ponto de gravar e registrar secretamente as comunicações mais privadas da filha, incluindo com o advogado anterior dela nomeado pelo tribunal e conversas particulares no quarto da Sra. Spears", escreveu Ebadi. "Ele fez tudo isso logo após sérios problemas financeiros que resultaram em uma falência, enquanto pagava a si mesmo milhões de dólares provenientes do patrimônio da própria filha."
Os documentos também detalham como Jamie estava propondo para Hollywood a criação do programa de culinária Cookin' Cruzin' and Chaos with Jamie Spears, em 2015. Vários anos antes disso, ele "gastou centenas de milhares de dólares para adquirir um ônibus para turnês [...] que ele equipou com churrasqueiras e outros utensílios culinários especializados". Ele contratou o ex-diretor musical de Britney, Marc Delcore, para gravar um vídeo promocional que pretendia usar para lançar o piloto de seu programa de culinária.
Delcore alegou ter se sentido pressionado a trabalhar com Jamie, uma vez que o pai de Britney tinha autonomia para contratar e demitir o pessoal da turnê, incluindo ele mesmo, que nunca foi pago pelo trabalho.
À parte da audiência, Rosengart emitiu uma notificação extrajudicial para a irmã de Britney, Jamie Lynn, relacionada ao livro de memórias escrito por ela, Things I Should Have Said. As irmãs têm discutido as declarações de Jamie Lynn em entrevistas e no livro, as quais Britney alega serem, em grande parte, falsas.
"Como você sabe, eu represento sua irmã, Britney Spears, e escrevo a pedido dela sobre o assunto mencionado acima", escreveu Rosengart a Jamie Lynn em uma carta obtida pelo Yahoo. "Estamos entrando em contato com certa hesitação, pois a última coisa que Britney quer é atrair mais atenção para seu inoportuno livro e suas afirmações enganosas e ultrajantes sobre ela. Embora Britney não tenha lido e não pretenda ler o livro, ela e milhões de fãs ficaram chocados em ver como você a explorou para ganhar dinheiro. Ela não vai tolerar isso, e nem deveria."
A carta segue dizendo que Jamie Lynn está ciente "do abuso e das irregularidades" que Britney sofreu enquanto estava sob a tutela do pai, que é alcoólatra e passou por dificuldades financeiras, incluindo uma falência, antes de deter o controle dos milhões da cantora.
"Na verdade, seu próprio livro afirma que seu pai 'passou a maior parte da minha vida nesse ciclo de comportamento destrutivo. Suas bebedeiras me levaram a períodos de tormento e tristeza'", escreveu Rosengart. "Como eu mencionei anteriormente, tendo enfrentado uma tutela de 13 anos que a privou de direitos civis e liberdades fundamentais, Britney não será mais intimidada pelo pai ou por qualquer outra pessoa."
O advogado continua: "Britney era o ganha-pão da família e também apoiou você. Divulgar publicamente queixas falsas ou fantasiosas é errado, especialmente com a intenção de vender livros, além de potencialmente ilegal e difamatório."
Ele também criticou Jamie Lynn pelo fato de que ela "recentemente afirmou que o livro 'não era sobre' Britney". Assim, prosseguiu: "exigimos que você pare de falar de Britney de forma depreciativa durante sua campanha promocional. Se não fizer isso ou difamá-la, Britney será forçada a levar isso em consideração e tomar todas as medidas legais apropriadas."
Na terça-feira, Britney detonou a irmã nas redes sociais por comentários feitos por Jamie Lynn em entrevista a um podcast. Em determinado momento, Britney escreveu: "Vá se f****, Jamie Lynn". Depois de apagar o comentário, Britney o publicou novamente na quarta-feira.
Apesar de Britney ter se libertado da tutela em novembro e Jamie ter sido suspenso como tutor em setembro, a audiência de quarta-feira deverá tratar de questões contábeis e outras pendências.