Stevie Wonder salvou uma noite de mediocridade

Ontem Ă  noite, nĂŁo teve para ninguĂ©m: Stevie Wonder simplesmente fez o melhor show do Rock in Rio 2011 atĂ© o presente momento e salvou uma noite que tinha tudo para ser uma mediocridade total. Sim, eu sei que todo mundo jĂĄ esperava isto — eu mesmo jĂĄ havia "cantado a bola" no vĂ­deo da edição especial do É Show ou Ă© Fria -, mas o que aconteceu foi algo muito alĂ©m de qualquer previsĂŁo...

A etapa de ontem jĂĄ tinha começado muito mal com uma das coisas mais constrangedoras que vi nos Ășltimos tempos, que foi a tal "homenagem" a Renato Russo no tal Concerto SinfĂŽnico LegiĂŁo Urbana com as presenças de Dado Villa-Lobos, Marcelo BonfĂĄ — que continua sendo um dos piores bateristas da histĂłria da mĂșsica intergalĂĄctica - e alguns convidados com participaçÔes inacreditavelmente medĂ­ocres. NinguĂ©m se salvou: de Herbert Viana a Dinho Ouro Preto, de Pitty a Toni PlatĂŁo — ver um cara que Ă© sĂłsia da falecida CĂĄssia Eller tentar imitar o Renato Russo chega a ser tragicĂŽmico — e, principalmente, RogĂ©rio Flausino, que assassinou "Quase Sem Querer". Foi um horror do começo ao fim...

Janelle MonĂĄe se redimiu um pouco da presepada que mostrou na Ășltima vez que esteve no Brasil e apresentou um show mais enxuto e musculoso, embora ainda insista em bobagens como pintar um quadro horroroso em pleno palco e em cantar de modo exageradamente frenĂ©tico na maioria das cançÔes. Um dos pontos altos foi a boa versĂŁo que ela e sua banda mandaram de "I Want You Back", dos Jackson Five e uma corretamente vibrante interpretação em "Cold War".

O Jamiroquai, a "melhor banda cover mais ou menos involuntĂĄria de Stevie Wonder" do planeta, fez o de sempre: um show correto, mas que soou bem plastificado, como se a banda estivesse participando de um concurso. Teve lĂĄ seus bons momentos, mas chegou uma hora que comecei a bocejar, tamanha era a pasmaceira reinante no palco.

Eu tambĂ©m jĂĄ havia cantado a bola, mas nĂŁo custou confirmar: a tal de Ke$ha Ă© uma das piores picaretagens jĂĄ vistas em cima de um palco — qualquer palco. Com um show inteirinho em playback - incluindo a prĂłpria banda -, ela desfilou cançÔes horrendas, com uma presença de palco tĂŁo carismĂĄtica quanto a de um esquilo epilĂ©tico. Precisa ser muito dĂ©bil mental para gostar desta farsante.

Mas na hora que Stevie Wonder entrou no palco e sentou ao piano, foi como se o planeta tivesse se transformado em um lugar maravilhoso para se viver. Foi um hit atrĂĄs do outro - "Higher Ground", "Signed, Sealed, Delivered I'm Yours", "Isn't She Lovely", "You Are the Sunshine of My Life", "Superstition" — tudo tocado com uma maestria inacreditĂĄvel. Palmas tambĂ©m para a espetacular banda de apoio do mestre!

Foi inacreditĂĄvel vĂȘ-lo tocando uma versĂŁo de "Garota de Ipanema" — cantada pela filha e por toda a multidĂŁo presente, em um dos momentos mais emocionantes da histĂłria de todos os festivais — e emendando para "VocĂȘ Abusou", da dupla AntĂŽnio Carlos & Jocafi. Sensacional!

No Palco Sunset, nem mesmo as maravilhosas cançÔes escolhidas para o Baile do Simonal conseguiram sobreviver ao festival de desafinaçÔes de Max de Castro e Wilson Simoninha.

O show do Afrika Bambaataa e seu "pijama azul", ao lado de Paula Lima e Boss AC, foi meio confuso, com muito falatório e cançÔes que pareciam a mesma, tão iguais eram os arranjos.

Por fim, Joss Stone fez uma apresentação muito boa, mostrando que não é preciso mostrar a bunda para chamar a atenção das pessoas. Basta ter um repertório legal, uma boa banda de apoio e uma voz espetacular. E foi isto o que ela mostrou.

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