BBB 23: homens podem ser vítima de assédio e assunto deve ser levado a sério

Na última festa, Bruno passou dos limites: tentou beijar Mosca diversas vezes, puxou o ator pelo pescoço e tentou levá-lo para a cama mesmo após vários "nãos".

Bruno
Bruno "Gaga" e Gabriel "Mosca" estão no BBB23 (Fotos: Globo/ Fábio Rocha | Montagem Yahoo)

As últimas festas do BBB23 têm repercutido pelos shows, as articulações de jogo e também a “insistência” de Bruno Nogueira, o Gaga, em ficar com Gabriel Santana –”insistência” entre aspas porque, depois de um tempo, a cantada escalou para cenas claras de assédio sexual.

Na festa do último dia 4, Bruno tentou beijar Gabriel diversas vezes, mas o ator se esquivava, visivelmente desconfortável. Mais tarde, chegou a puxá-lo pelo pescoço e até, como notou parte do público que comentava o caso no Twitter, tentou levá-lo à força para sua cama. Veja algumas cenas:

Na festa do último sábado (11), mais assédio. Dessa vez, a produção interveio e o atendente de Farmácia foi chamado atenção.

Além de criticar as atitudes de Bruno, muita gente nas redes sociais também cobrou um posicionamento de Tadeu Schmidt ou da Globo, já que, nesta edição, o programa parece estar mais atento a situações de abuso e violações entre os concorrentes – como fez na primeira semana, ao alertar Bruna Griphao sobre as agressões de Gabriel Tavares.

Alguns questionaram: se fosse um homem fazendo isso com uma mulher, a produção se posicionaria? E por que não se posicionou neste caso?

Afinal, existe assédio entre homens?

Sim.

Embora as mulheres sejam obviamente as maiores vítimas deste crime – 97% delas dizem já ter sido assediadas no transporte público, por exemplo, segundo dados de 2019 do Instituto Patrícia Galvão –, homens também podem ser vítimas de assédio independente da sexualidade, pontua o psicólogo Hamilton Kida, fundador da Rainbow Psicologia, uma rede que conecta psicólogos a pessoas LGBTQIA+ em todo o país.

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O problema, ele explica, é que muitas vezes um homem vítima de assédio não é levado a sério ou não denuncia por medo de ser visto como “fraco”.

“Existe uma prerrogativa de que o homem pode e deve pegar todo mundo, que deve aceitar as investidas de todo mundo, mesmo quando é indesejada. Por isso, quando acontece o assédio, as pessoas minimizam achando que é natural, que homem é assim mesmo. Mas o assédio não é da natureza humana, é fruto do machismo”.

O psicólogo alerta: “É uma questão muito grave, que pode ser muito nociva e precisa ser levada a sério”.

Leis que tipificam assédio sexual e importunação sexual não fazem distinção e gênero. A primeira (10.224, de 2001) está muito ligada ao assédio em ambientes de trabalho, o que não é o caso aqui, mas a segunda torna crime “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia”.

A chave está no consentimento – quando alguém diz “não” ou não diz “sim” expressamente, não há consentimento. A partir daí, tudo é assédio.