Bailarina Ingrid Silva afirma ter sofrido racismo nos Estados Unidos

*ARQUIVO* Sao Paulo, , BRASIL, 26-08-2021:  Especial. Retrato da bailariana  Ingrid Silva. (Foto: Eduardo Knapp/ Folhapress)
*ARQUIVO* Sao Paulo, , BRASIL, 26-08-2021: Especial. Retrato da bailariana Ingrid Silva. (Foto: Eduardo Knapp/ Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A bailarina Ingrid Silva usou as redes sociais para denunciar que sofreu racismo nos Estados Unidos. Ela diz que foi questionada no meio da rua se trabalhava como faxineira.

O caso aconteceu na Ășltima segunda-feira (16), quando um homem branco ouviu que ela falava portuguĂȘs e parou para conversar com Silva. O americano comentou que adorava o Rio de Janeiro e perguntou se ela morava na FiladĂ©lfia.

"Falei que não morava na cidade e que estava trabalhando lå. Foi quando ele perguntou se eu trabalhava com limpeza", relata a bailarina, em um vídeo publicado nas redes sociais. "Ele me pegou de surpresa quando falou isso. Fiquei em choque. Em 14 anos morando em Nova York, nunca conversei com alguém que achasse que eu estaria limpando só por eu ser uma mulher preta."

Silva Ă© bailarina principal do Dance Theatre of Harlem, em Nova York, e esteve no Brasil no começo deste mĂȘs para se apresentar na posse do presidente Lula (PT). Ela fez a apresentação de abertura do palco Elza Soares, um dos dois montados na Esplanada dos MinistĂ©rios, como parte do Festival do Futuro, que celebrou a posse do novo presidente.

"Olha como o racismo e a base da pirĂąmide Ă© estruturada para que pessoas pretas nĂŁo tenham a oportunidade de crescer. Quando elas crescem, nĂŁo sĂŁo vistas dessa forma", disse Silva, que Ă© autora dos livros "A Sapatilha que Mudou Meu Mundo" e "A Bailarina que Pintava Suas Sapatilhas".

"Ele não me associou à diretora de uma grande empresa ou até mesmo a uma bailarina clåssica. Quando falei a minha profissão, ele ficou surpreso. A cara dele foi de espanto. Mas por que eu não poderia ser uma bailarina clåssica?", questiona.

Aos oito anos, Silva foi selecionada para o projeto Dançando para Não Dançar, na Vila Olímpica da Mangueira, no Rio de Janeiro.

Jå aos 12, ela ganhou uma bolsa para estudar na escola de dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2008, ela foi aceita no Dance Theatre of Harlem e largou a faculdade de dança no Rio de Janeiro para se mudar para Nova York.