Arrocha, pagode e a baianidade no som de Rachel Reis
Aposta do Youtube para 2022, top viral do Spotify, impulsionada pelo Deezer. Essa Ă© Rachel Reis, baiana de Feira de Santana que começou a despontar na cena musical. A cantora de 25 anos diz que associam seu som Ă "brasilidade" e refuta qualquer classificação que tente colocĂĄ-la numa "caixinha". Prefere a mistura que originou "Maresia", seu maior hit atĂ© entĂŁo, com ritmos da mĂșsica baiana como arrocha e pagode.
"Eu nĂŁo consigo definir ainda um gĂȘnero pra mim. Nada especĂfico, nĂ©? Eu sempre digo que eu gosto de fazer as coisas. Surgiu pra mim, estĂĄ batendo, estĂĄ fiel a algo que eu faria? Eu vou lĂĄ e faço", explica, em entrevista ao Yahoo. Simples assim.
E ninguĂ©m pode dizer o contrĂĄrio, afinal, a mĂșsica estĂĄ no sangue de Rachel. A mĂŁe dela, Maura Reys, foi por muitos anos cantora de seresta e hoje canta gospel; a irmĂŁ, Sara Reis, Ă© uma das vozes do piseiro. O estilo "eclĂ©tico", como ela diz, veio de casa, mas nem por isso a carreira artĂstica lhe pareceu um caminho natural.
Raquel conta que sua primeira opção foi estudar Direito, plano que nĂŁo foi para frente. "HorrĂvel", frisa ao lembrar da experiĂȘncia no curso.
Antes de chegar ao quadro atual em que divide seu tempo entre a mĂșsica, a faculdade de Publicidade e Propaganda e o trabalho como redatora em uma agĂȘncia, Raquel começou como muitos colegas de estrada: se apresentando em barzinhos, casamentos, formaturas e outros eventos. NĂŁo foi uma experiĂȘncia ruim como a tentativa de se tornar advogada, porĂ©m, apĂłs cerca de dois anos cantando nos bares, a artista quase desistiu de tudo.
"JĂĄ estava cansativo pra mim, eu falava assim: meu Deus, que Ă© isso? Pra quĂȘ que eu estou fazendo isso aqui?", questionava. Com isso, a baiana abandonou os bares. Num impulso, largou o emprego de recepcionista em um posto de saĂșde e foi atĂ© Recife, em Pernambuco, gravar algumas mĂșsicas com o cantor e produtor Barro.
Assim nasceram "Sossego" e "Ventilador". Depois disso, Rachel gravou o EP "Encosta" e lançou seu hit "Maresia". A faixa ganhou clipe no Ășltimo dia 5 e soma atĂ© esta quarta-feira (18) mais de 50 mil visualizaçÔes no Youtube.
SofrĂȘncia sĂł com a mĂșsica dos outros
Com quase 200 mil ouvintes mensais no Spotify, as oito mĂșsicas de Rachel na plataforma se assemelham pelo suingue. SĂŁo letras que remetem a romances com melodia para dançar â muito diferente do estilo que ela costumava tocar nos bares.
Ao apresentar o repertĂłrio de artistas consagrados da MPB, a baiana costumava cantar "sĂł as mais tristes, fundo do poço". "Tinha bar que eles falavam assim: 'poxa, eu nĂŁo vou mais chamar essa menina pra cĂĄ que estĂĄ baixando o astral", lembra, aos risos, ao admitir que "sofrĂȘncia" "sĂł na mĂșsica dos outros".
"Foi uma coisa que o prĂłprio Barro [produtor] falou comigo: 'nĂŁo sofre, nĂŁo, Ă©?'. Graças a Deus, nĂŁo estou sofrendo, estĂĄ tudo numa boa. (...) Eu adoro mĂșsica triste pra sofrer, nĂ©? Ăs vezes, eu boto ali uma mĂșsica pra eu ficar melancĂłlica. Mas aĂ hoje em dia, nas minhas mĂșsicas, eu jĂĄ gosto de trazer essa coisa mais alegre", explica.
A artista admite que seu momento pessoal, com realizaçÔes profissionais, pode impactar nas composiçÔes mais animadas. No entanto, ela pondera que suas letras sĂŁo mais inspiradas em histĂłrias que ouve e vĂȘ, por exemplo em filmes, do que na prĂłpria vida.
Ălbum de estreia
Com isso, o que Rachel promete para seu ĂĄlbum de estreia Ă© mais da mistura de ritmos que jĂĄ lhe Ă© caracterĂstica. O trabalho Ă© planejado para junho.
AtĂ© lĂĄ, enquanto ainda nĂŁo pode viver sĂł de mĂșsica, a artista segue ganhando pĂșblico Brasil afora. No prĂłximo sĂĄbado (21), Rachel Reis se apresenta na versĂŁo carioca do festival MITA (Music is the Answer), evento que receberĂĄ shows de The Kooks, Gorilazz e Gilberto Gil, entre outras atraçÔes, no Jockey Club. Ela vai abrir as apresentaçÔes do palco Deezer e passarĂĄ a fazer parte do Deezer Next, programa que visa dar apoio editorial e de marketing a artistas da nova geração. Nesse ritmo, logo mais a agĂȘncia que ela trabalha vai precisar de uma nova redatora.