Ana Thaís Matos, primeira comentarista da Copa, revela o que a surpreendeu no Catar

Ana Thaís Matos foi uma referência para muitas mulheres nessa Copa do Mundo no Catar. A jornalista, de 37 anos, é a primeira mulher a assumir a função na Globo de comentarista do mundial - espaço até então dominado por homens - e se destacou com suas análises durante os jogos do Brasil.

A Seleção, infelizmente, foi eliminada nas Quartas de Final, mas a comentarista seguiu firme no Catar. Ana Thaís conta que a convocação para a cobertura da Copa veio pouco tempo antes do anúncio da lista dos enviados ao Catar.

"Claro que eu nutria a expectativa de estar em um grande evento como este, mas sei o quanto é difícil montar uma lista nestas horas, principalmente em uma Copa tão cara como esta, no Catar. A surpresa maior, evidentemente, foi mesmo quando vi que eu faria os jogos da Seleção Brasileira. É um lugar de privilégio, mas também de muita responsabilidade. Um espaço inédito que agora ocupo", comemora.

E apesar de estar num país com uma cultura tão diferente da nossa, o que mais chamou a atenção da jornalista foram as altas temperaturas e a enorme quantidade de homens num local em que as mulheres tem menos direitos e andam com parte dos rostos cobertos nas ruas.

"A cidade é muito quente, mesmo para quem mora no Rio de Janeiro. O ar é muito seco. Doha é uma cidade muito masculina e foi uma das coisas que me impressionou nos primeiros dias", conta.

Representatividade

A Globo se esforçou para aumentar o número de profissionais mulheres escaladas para o mundial. Além de Ana Thaís, Renata Mendonça comentou pelo SporTV, as narradoras Renata Silveira e Natália Lara, e as repórteres Débora Gares, Gabriela Ribeiro e Karine Alves representaram a voz e interesse feminino pelo futebol.

E apesar dos avanços no mercado de trabalho e no jornalismo esportivo, Ana Thaís reconhece que ainda é um caminho longo para combater o machismo no futebol.

Aos poucos as pessoas vão quebrando o preconceito de ouvir e aceitar uma mulher neste meio, que até então era tão masculinoanalisa

"O machismo é algo que acontece comigo, com as médicas, com as advogadas, com as políticas, com as donas de casa, com as comissárias de bordo, enfim, com todas as mulheres. É uma coisa presente na nossa sociedade. Mas o importante é criarmos mecanismos para lidar com ele. Embora ocupe uma função difícil, de opinar, de fazer entradas durante um jogo em que a maioria das vozes são masculinas, eu tento contribuir da minha forma. Hoje, lido muito bem com isso".