Como ajudar alguém que pensa em suicídio?
Todo mundo passa por momentos complicados na vida. Isso não significa que é preciso lidar com eles sozinho. Por isso, aproveitamos o gancho do Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio para explicar como você pode ajudar alguém que está passando por dificuldades e apresentando comportamentos que podem ser conectados aos pensamentos suicidas.
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Vale lembrar, antes de mais nada, que se você ou qualquer outra pessoa precisar de suporte durante um momento de grande desespero ou desesperança, é possível pedir auxílio de forma anônima discando 188 e entrando em contato com o CVV, o Centro de Valorização à Vida. A ligação é gratuita e pode ser feita a qualquer hora do dia e da semana.
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Como saber que alguém está considerando o suicídio?
Antes de se colocar a disposição de alguém, é preciso entender que o suicídio não é uma decisão isolada, que acontece "do nada". É a consequência de um processo longo que evolui com o tempo. Comumente é o resultado de algum tipo de transtorno mental, como a depressão, e é possível identificar os seus sinais.
Segundo Clenice Araújo, psicóloga da Alba Saúde, do Rio de Janeiro, o maior fator de identificação é quando a pessoa não consegue ver sentido na própria vida. "A pessoa potencialmente suicida não tem prazer em nada", explica. "A arte, a música, nada faz sentido. Nada para ela anima, é a pessoa que gosta de ficar quieta."
Outro ponto importante, segundo a profissional, é que essas pessoas começam a falar, mesmo que em tom de aparente brincadeira, sobre morte ou sobre pessoas que cometeram suicídio. Comentários do tipo "eu queria sumir", "às vezes eu penso o que aconteceria se eu desaparecesse" e semelhantes não devem ser encarados de forma leviana: eles são, sim, sinais de que essa pessoa está com dificuldades e possivelmente considerando o suicídio.
É interessante notar, também, que muitas vezes o suicídio acontece por conta de um tabu muito maior: falar sobre o assunto sempre foi uma dificuldade na sociedade e a falta de informação e o medo de encarar um tema como a morte faz com que, muitas vezes, essas pessoas não sejam acolhidas.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde já deixou claro que a depressão é a doença do século, considerando-a a mais incapacitante de todas e classificando o suicídio como uma pandemia, que assola principalmente jovens entre 15 e 25 anos. As estatísticas da organização dizem que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, o que aumenta, ainda mais, a necessidade de tirar os mitos e tabus em torno do tema para combatê-lo de forma eficaz.
"A sociedade nos impõe padrões tão difíceis de serem alcançados, como no ponto de vista da beleza, sucesso pessoal, comparações... Quando uma pessoa se suicida, não é só a família e amigos que perdem aquela pessoa, mas a sociedade inteira falha. Nós somos seres sociais, nós somos seres 'um' e quando esse 'um’ não é incluído, ele não consegue ter lugar nesse mundo, ele quer partir. É uma falha social, uma responsabilidade social também", explica.
Como ajudar uma pessoa que considera o suicídio?
De acordo com a terapeuta e consteladora Alessandra Pais, o primeiro passo é prestar atenção nos sinais que essa pessoa dá. Isso significa ter empatia a ponto de perceber quando alguém não está bem - mesmo sorrindo em fotos e parecendo bem humorado no seu dia a dia.
Vale notar, também, que é essencial que você, no papel de rede de apoio dessa pessoa, garanta a sua própria saúde mental e cuide de si mesmo, tanto para não se deixar levar por uma sensação de tristeza, quanto para compreender que a pessoa que considera o suicídio está muito vulnerabilizada mas precisa, ela mesma, topar receber ajuda. Dito isso, alguns pontos para considerar:
1.Acima de tudo, ouça
Na dúvida do que falar para alguém que passa por dificuldades, a melhor coisa que você pode fazer é ouvir. Escute o que essa pessoa tem a dizer, permita que ela desabafe e fale sobre as suas angústias, respeite a sua dor, não julgue e ofereça o acolhimento que ela precisa. Muitas vezes, o que uma pessoa potencialmente suicida necessita é alguém que a faça sentir compreendida.
2.Ofereça a ajuda de quem pode ajudar
No papel de um familiar, parceiro ou amigo próximo, queremos sempre tirar a pessoa querida de um grande sofrimento. Mas, muitas vezes, esse não é o nosso papel. No caso de alguém que pensa em suicídio, o que essa pessoa necessita é de uma rede de apoio multidisciplinar, como explica Alessandra, que conte, inclusive, com os profissionais mais capacitados para tratá-la. O suicídio é resultado de desequilíbrios mentais já muito avançados, então, um acompanhamento psicológico e psiquiátrico não só é recomendado como necessário. Ofereça-se para ajudá-la a encontrar um profissional de saúde mental com o qual ela consiga conversar.
3.Foque no hoje
Na maioria das vezes, a pessoa que considera o suicídio está tão envolvida nas suas emoções e pensamentos que não consegue colocar o seu foco em outra coisa. Nesse caso, mantenha o seu foco com ela sempre no hoje: como você se sente hoje? Vamos fazer alguma coisa hoje? O que você gostaria de comer hoje? Isso ajuda a pessoa a levar um dia por vez, sem se sentir pressionada por mais um fator, que são os pensamentos no futuro.
4.Fique atento aos sinais
Mais do que qualquer coisa: preste atenção. Boa parte da comunicação acontece de forma não-verbal, ou seja, por meio de movimentos, feições… Por isso, fique atento à essa pessoa e busque compreender os sinais que ela está enviando.
Em uma situação como a que vivemos agora, de isolamento social e pandemia de coronavírus, é possível reconhecer um comportamento suicida principalmente quando a pessoa começa a se isolar ainda mais: ela evita telefonemas, não conversa, não responde mensagens, fica muito reclusa… É importante ficar atento, se colocar disponível da melhor forma que puder e pedir ajuda extra caso seja necessário, e você acredite que a pessoa seja um risco para si mesma.
No mais, lembre-se que é possível sair de uma condição de profundo desespero e desesperança, mas é difícil fazê-lo sozinho. Peça ajuda. Existem pessoas dispostas a ouvir o que você tem a dizer e oferecer o apoio necessário para que você volte a ver a vida da maneira que ela realmente é: feliz.