Você se ama? 8 conselhos de Amanda, do "Casamento às Cegas", para praticar com urgência
Em entrevista ao Yahoo, a consultora de imagem detalhou sua relação com a autoestima
Resumo da Notícia:
Amanda deixa legado de amor próprio no "Casamento às Cegas"
Em entrevista ao Yahoo, a consultora de imagem abriu o coração sobre sua relação com a autoestima
Influenciadora deixa conselhos para serem colocados em prática com urgência
Amanda Souza nem subiu ao altar do "Casamento às Cegas Brasil" e fez uma das passagens mais marcantes pelo reality show da Netflix. Alvo de gordofobia após a fase de cabines, logo quando as cortinas se abriram, a consultora de imagem surpreendeu o público pela forma com que lidou com a rejeição do rapaz com quem iria noivar. Ela mostrou que não carrega a culpa de uma decisão motivada pelo preconceito, já que é nitidamente consciente de sua beleza e valor.
O que deixa tudo mais representativo é a importância da visibilidade de seu corpo gordo na tela. Independente do resultado de sua história de amor, que refletiu a realidade de muitas mulheres pré-julgadas, ela se mostra realizada por inspirar tantas outras a "saírem do armário" da insegurança. Em entrevista ao Yahoo, Amanda avalia o legado de sua participação no programa e deixa oito conselhos preciosos para seguir com urgência.
Aceite que seu corpo é digno de visibilidade (e de espelho)
Após as gravações, Amanda nem sabia se iria aparecer na edição final do programa por não ter esse controle e também pela invisibilidade do corpo gordo em detrimento do interesse comercial. “Eu só sabia que, se eu aparecesse, eu ia inspirar mulheres a se sentirem melhores com elas mesmas só por eu estar lá. Nem tinha pensado se ‘Ah vou levar um fora, vou casar’”, conta.
Ela confirma que se inscreveu no programa com o intuito de se apaixonar e casar, mas sabendo que estaria servindo de referência para mulheres inseguras. "Não era nem para ter um debate, foi mais no sentido de ser vista e as mulheres olharem e pensarem que também podem", completa. “A gente sabe que tem muitas gordas e não gordas que não se olham no espelho, que não saem de casa. Como eu sempre usei o meu corpo de uma forma política no sentido de estar tudo bem, era mais no sentido de mostrar para as mulheres que elas não precisam se esconder”, explica.
Não mexeu com a minha autoestima. Foi mais uma decepção de mais uma pessoa que não agrega, porque eu não sou superficial"Amanda Souza
Entenda que rejeição é sobre o outro
Ao relembrar da sensação de ter sido rejeitada por conta da aparência, Amanda pontua que a decisão de fugir diz muito mais sobre Paulo do que sobre ela. "Me senti decepcionada, mas no sentido de que me apaixonei por mais um cara totalmente superficial e totalmente visual. Não mexeu com a minha autoestima. Foi mais uma decepção de mais uma pessoa que não agrega, porque eu não sou superficial. Eu gosto de ser profunda, que não se prende em padrões, contenções".
"O cara não quis estar comigo por eu simplesmente não ser um padrão que ele almeja. Querido, eu não tenho tempo para sofrer por você. Como diria minha avó: ‘Não gasto vela com defunto ruim. Fiquei uma semaninha de rebordosa, de fantasiar uma história com um cara que não valia a pena. Mas, depois disso, vida que segue", completa ao dizer que nem deu vontade de sofrer muito.
Corpo gordo também é fitness
Durante as conversas às cegas, Paulo falava bastante sobre praticar esportes, mas nada que Amanda tivesse percebido como uma tentativa de saber o seu tipo físico. Questionada se a escolha do assunto seria uma abordagem com o intuito de identificar um corpo magro, a consultora refuta a teoria com exemplo da própria experiência.
"Para mim, era normal ele falar daquilo o tempo todo por ser atleta. Eu fiz muay thai por quatro anos, sou alucinada por luta, amo mesmo e adorava falar sobre isso com ele. Aí que a gente pensa quantos estereótipos são criados. Existem atletas gordos. Eu tenho amigas que praticam esportes todos os dias e têm o corpo gordo. Uma coisa não está atrelada a outra", diz. "As pessoas continuam balizando corpo sarado à saúde - uma balela, uma idiotice - e esportes à gente magra. Não! Isso é para todo mundo. A gente pode gostar, praticar. Então, assim, se ele pensou nisso, é porque é muito superficial realmente. Que raso…”, completa.
Se agrade antes de agradar alguém
Sem se apegar a mensagens de haters, Amanda reforça que a unanimidade não existe e é a validação própria que deveria ser priorizada. "Às vezes, escapa uns comentários de não usar sutiã, de gostar da minha roupa, de andar muito ‘pelada’ e são comentários femininos. Aí tem homens falando que eu sou feia. Mas a Nutella não agrada todo mundo. Não tenho vocação, vontade, tempo e saco para querer agradar as pessoas. Eu preciso me agradar. Então, eu estou tranquila”, declara.
Estilo e aparência não são condicionantes para o amor
Por incrível pareça, há espectadores que falam que a escolha da roupa e maquiagem para o encontro fez com que Paulo não quisesse ficar com Amanda. Uma justificativa que tenta culpá-la novamente por algo que não deveria definir o sentimento. "Eu dou risada. Mas fico preocupada no sentido de: ‘Como assim estão pensando que o cara vai te amar, te respeitar bem maquiada ou bem vestida?” E bem vestida dependendo da visão de quem e do gosto de quem", questiona.
"O mundo está tão doente que a gente está se prendendo nisso. São vários comentários no sentido de: ‘Ah não…Porque o vestido dela marcava muito o braço aí ele não quis’. Eu fico triste, mas não por mim. Eu estava em paz com aquela roupa, com a maquiagem. Até porque eu estava pedindo uma pessoa em casamento. Imagina só que esse homem ia me ver doente, descabelada, cansada, destruída. Acha que eu estava preocupada com aquele vestido?”, acrescenta.
O que eu sempre quis é que todo mundo olhasse no espelho e sentisse o que eu aprendi a sentir"Amanda Souza
Tire da sua vida quem não te agrega
Existiu uma conversa de Paulo com Amanda após o programa. Pelo WhatsApp, ele reproduziu o discurso feito em frente às câmeras. O detalhe que fica de lição é a forma como Amanda lidou com a tentativa de selar uma amizade.
"Ele disse que não estava preparado, que queria ser meu amigo, que não soube lidar com a situação. Eu disse que eu gostaria que ele fosse feliz, que eu não desejava ser amiga dele e que eu já tinha visto o fim do mundo várias vezes e, na manhã seguinte, estava tudo bem. Não tem mais o porquê manter contato. Eu não bloqueei ninguém, até porque não tenho motivo nenhum. Se ele bloqueou eu não sei, porque eu nunca mais tentei contato. Se a pessoa não estiver enchendo meu saco, eu deixo ela viver a vida dela. Para mim, tanto faz”, afirma.
Saiba que seu empoderamento impacta outros corpos
Amanda prova como se empoderar estimula a mudança de muitas ao seu redor. "Sexta-feira passada resolvi ir num bar e muitas mulheres chegam em mim e não querem tirar foto. Elas querem falar. Isso, para mim, vale a pena tudo de novo. Não porque eu quero que elas me amem, mas elas estão olhando para elas. Estão falando: 'Sofri e agora estou de cropped'", relata.
"Recebi uma mensagem de uma mulher falando que está há nove anos sem espelho em casa. Ela falou: 'O único espelho que eu tenho é o da bolsa para passar batom e maquiagem e eu estou reconsiderando comprar um espelho. Inclusive, estava fazendo uma pesquisa de preço de espelho'", cita. "Receber o retorno de 'você me fez olhar para mim', eu não sei nem explicar", acrescenta.
A mulher nasce fadada a opinião pública das pessoas. A única que a gente pode fazer por nós é se gostar"Amanda Souza
A vida vem depois do "felizes para sempre"
Não se iluda! Retratar a dolorosa realidade das amarras sociais é também uma forma de atingir a reflexão. Amanda pontua como sua participação escancara o mito dos finais felizes e faz o público repensar sobre suas atitudes. Representatividade é também sobre mostrar a vida além das tramas do Walt Disney.
"Nem no conto de fadas a gente sabe o que acontece no 'viveram felizes para sempre'. Você já percebeu que a história termina no casamento? Se a gente parar pra pensar na vida real, é aí que a vida complica. Assim que você casa, você entra num choque de culturas, adaptação. Não é um felizes para sempre, leva um ano e meio até um felizes por enquanto", reflete.
"A gente tem mania de querer comprar finais felizes. Nem sempre eles existem, mas eles fazem com que você repense atitudes e situações. Tem pessoas, não necessariamente romanticamente, repensando atitudes gordofóbicas, superficialidades, preconceitos. Eu não gostei de passar por isso, mas provoca desconfortos e discussões que precisam [ser provocadas]", conclui.