10 coisas que precisamos parar de falar sobre abuso sexual

A culpa nunca Ă© da vĂ­tima – Foto: Getty Images
A culpa nunca Ă© da vĂ­tima – Foto: Getty Images

Em homenagem ao mĂȘs de Conscientização contra o Abuso Sexual, listamos 10 coisas que precisamos parar de repetir diante de casos de assĂ©dio, abuso, estupro e violĂȘncia.

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1. VocĂȘ tinha bebido? VocĂȘ tinha usado drogas?

A decisão de beber ou usar drogas não pode ser equivalente à decisão de ser estuprada. Escolher beber ou usar drogas não funciona como consentimento para ter uma relação sexual.

2. O que vocĂȘ estava vestindo?

O fato de uma mulher usar uma blusa de alcinha significa que os homens podem escolher estuprar? Se eles se sentem excitados por causa das roupas, isso Ă© um problema deles e nunca da vĂ­tima.

3. “Depois do que aconteceu, vocĂȘ quer fazer sexo o tempo inteiro?”

O fato de uma mulher sofrer um estupro ou ser abusada sexualmente não significa que ela que fazer sexo “o tempo todo”. Não significa que ela queria ter feito no momento da agressão, nem significa que vai querer fazer no futuro.

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4. VocĂȘ nunca mais vai fazer sexo?

O fato de ter sido machucada por alguém uma vez, não significa que a mulher nunca mais vai querer dar uma segunda chance ao sexo.

5. VocĂȘ precisa perdoar o seu agressor.

Essa decisĂŁo nĂŁo cabe a vocĂȘ. Essa decisĂŁo nĂŁo cabe a ninguĂ©m. E mesmo que a vĂ­tima decida perdoar, isso nĂŁo significa que precisa dar uma segunda chance a ele. As segundas, terceiras, quartas e quintas chances sĂŁo as razĂ”es pelas quais as pessoas acabam presas em ciclos abusivos. Perdoar pode ser perigoso. VocĂȘ estĂĄ me pedindo para voltar, voluntariamente, a uma situação da qual eu mal tive forças para me livrar?

6. VocĂȘ se colocou naquela situação; a culpa Ă© sua.

Mesmo que a vítima tenha se colocado naquela situação ao ir a uma balada ou ao sair com alguém que pensava ser confiåvel, mas mostrou que estava errada, isso não torna a pessoa responsåvel pelas açÔes das outras pessoas. Ninguém pede para ser estuprado ou abusado.

7. Bom, na verdade não foi uma agressão, porque
 não foi abuso sexual porque
 não foi estupro porque


Esta decisĂŁo nĂŁo cabe a vocĂȘ. VocĂȘ foi encurralado naquele beco escuro? VocĂȘ derramou lĂĄgrimas de vergonha naquela noite? VocĂȘ teve que convencer os policiais de que precisavam acreditar em vocĂȘ, e nĂŁo nele? VocĂȘ continuou sentindo os dedos dele na sua pele, o hĂĄlito dele na sua orelha, dia apĂłs dia, durante anos?

8. VocĂȘ tem certeza de que foi ele? Ele nĂŁo Ă© o tipo de homem que faria isso.

Um lobo em pele de cordeiro ainda Ă© perigoso. Ele pode parecer legal, pode fazer todas as coisas certas, pode saber exatamente o que dizer para que vocĂȘ acredite nele, pode se esconder perfeitamente por trĂĄs daquela cara de cordeirinho.

9. VocĂȘ tem certeza de que estĂĄ se lembrando bem das coisas?

Se eu tenho certeza de que estou me lembrando bem das coisas? Tenho certeza de que tudo volta queimando na minha mente no minuto em que eu me lembro. Tenho certeza de que todas as noites, quando me deito e fecho os olhos para dormir, tudo ainda estĂĄ lĂĄ. Tenho certeza de que estou me lembrando bem da Ășnica coisa que nĂŁo consigo esquecer.

10. VocĂȘ nĂŁo Ă© o tipo de mulher com quem essas coisas acontecem.

Que tipo de mulher Ă© esse? O tipo de mulher sensual demais? O tipo de mulher que sai sozinha Ă  noite? O tipo de mulher ingĂȘnua em relação ao mundo? Com qual tipo de mulher “isso” acontece? Que tipo de mulher merece esse destino? Que tipo de mulher vocĂȘ vai empurrar na frente do ĂŽnibus para que seja comida por esses monstros?

Se nós não mudarmos a forma como pensamos nos traumas sexuais, vamos continuar permitindo que eles aconteçam.